Uma tropa de elite do governo boliviano teria conseguido desarticular uma célula terrorista num hotel do departamento autonomista de Santa Cruz, governado pela oposição. A informação é do ministro da Segurança Interna, Alfredo Rada.
“Fui informado que hoje de madrugada, às 4h (horário de La Paz), um grupo de cinco membros foi surpreendido pela polícia em Santa Cruz. Três deles morreram na operação, enquanto os dois outros foram detidos”, disse em entrevista concedida hoje (16) no Rio de Janeiro.
Entre os suspeitos mortos na operação, estaria Eduardo Rózsa Flores, o “ideólogo” da célula, segundo o ministro, que especificou ser um “boliviano de ascendência croato-húngara”. Dos dois outros, um era húngaro e outro, irlandês. O governo boliviano considera que são “mercenários estrangeiros”. O ministro revelou que um dos sobreviventes era boliviano e que a investigação ainda não tinha determinado a nacionalidade do outro.
As autoridades afirmaram ter encontrado um arsenal no hotel, “metralhadoras e fuzis, além de explosivos e munições”, detalhou Alfredo Rada no Consulado de Bolívia. Segundo ele, os dois presos confessaram a autoria de dois outros atentados em Santa Cruz, contra as residências do vice-ministro de Autonomias, Saúl Ávalos, há três semanas, e do cardeal Julio Terrazas, a maior autoridade católica no país, há dois dias. Rada considera que este atentado tinha como objetivo distrair a atenção, já que a Igreja Católica é tradicionalmente associada à oposição contra o governo.
Presidente na mira?
O cardeal Terrazas foi acusado em várias ocasiões pelo presidente Evo Morales de se alinhar com a oposição – a Igreja Católica fez campanha aberta contra a nova Constituição, adotada em janeiro passado. Porém, o verdadeiro objetivo teria sido a eliminação de Evo Morales. O governo deduz isso da presença de vários documentos de propaganda.
“Isso é a prova de que o governo tinha razão quando falava de ameaças contra o presidente e o vice-presidente”, declarou Rada. “A presença de muitas armas, e ainda mais de mercenários estrangeiros, que são caros para se contratar, testemunha a ajuda financeira e logística que beneficiou o grupo”, continuou.
Segundo a agência estatal boliviana, ABI, o presidente, que está hoje em Cumaná, Venezuela, para participar da cúpula da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), considerou ser uma “atuação da direita boliviana, porque o povo obteve uma grande vitória na última terça, com a promulgação da Lei Eleitoral”. “Quando o povo triunfa”, disse, “a direita tenta qualquer coisa para desviar a atenção”.
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O governador do departamento de Santa Cruz, Rubén Costas, acusou o governo de ter “montado” a operação policial. Ele assegurou à imprensa local que Evo Morales tinha preparado uma “cortina de fumaça” para se esquivar de qualquer responsabilidade no atentado contra o cardeal. “Qualquer pessoa, qualquer cidadão comum pode dizer que este é um show”.
Para o ministro Alfredo Rada, “o fato de uma autoridade diminuir a importância deste fato é lamentável”.
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