Atualizada às 11h47
Um relatório da CNDH (Comissão Nacional de Direitos Humanos) do México indica que agentes da Polícia Federal do país “executaram de maneira arbitrária” 22 dos 43 mortos durante um suposto enfrentamento, em maio de 2015, entre policiais e acusados de envolvimento com narcotráfico em uma fazenda em Tanhuato, no estado de Michoacán, no oeste do país.
Em um informe de 696 páginas entregue nesta quinta-feira (18/08) à CNS (Comissão Nacional de Segurança) e ao governo de Michoacán, o órgão afirma que os policiais manipularam e alteraram a cena do crime. De acordo com o documento, vários corpos foram mudados de posição, e armas de fogo foram colocadas junto a outros.
Agência Efe
Policiais deixam fazenda onde 43 pessoas foram mortas em maio de 2015 em Michoacán
A comissão concluiu também que houve tortura e maus tratos contra as vítimas, e que quatro delas foram mortas por “uso excessivo da força”.
En #Tanhuato hubieron violaciones GRAVES de #DDHH Checa el DOCUMENTO ÍNTEGRO👉https://t.co/AGL3nAbHpy @DeniseDresserG pic.twitter.com/3agPW2EAXV
— CNDH en México (@CNDH) 18 de agosto de 2016
Sobre outras 15 pessoas, a Comissão informou que não foi possível estabelecer “tecnicamente” as circunstâncias de suas mortes.
Dos mortos, 42 eram civis, e um pertencia às forças de segurança do Estado.
NULL
NULL
O órgão diz também que a Policia Federal “faltou com a verdade” nos informes produzidos a respeito do caso, que ocorreu em 22 de maio de 2015 no Rancho do Sol, no município de Tanhuato. Os 42 civis mortos seriam supostos membros do cartel Jalisco Nueva Generación.
Por meio de testemunhas, a CNDH concluiu que a Polícia Federal entrou no rancho “de maneira sigilosa” entre 6h20 e 7h30. A informação contradiz a versão oficial, na qual os agentes relataram ter chegado à fazenda entre 8h e 8h30.
Agência Efe
Presidente da Comissão, Luis Raúl González Pérez, em entrevista coletiva à imprensa
“A investigação confirmou fatos que mostram violações graves de direitos humanos atribuídas a servidores públicos da Polícia Federal”, disse o presidente da comissão, Luis Raúl González Pérez, em entrevista coletiva à imprensa nesta quinta.
De acordo com ele, a CNDH “não se opõe nem busca inibir as ações que as autoridades de diversos âmbitos do governo levam a cabo para garantir a segurança pública” e nem rechaça o uso da força quando a única opção dos policiais é reagir a uma “agressão real”. Entretanto, “isso não os exime de respeito irrestrito aos direitos humanos”.
Antes de terminar a entrevista da CNDH a jornalistas, o chefe da CNS, Renato Sales, convocou outra entrevista coletiva em que rechaçou o relatório da comissão.
Segundo ele, os policiais teriam ordenado que os suspeitos baixassem as armas e se rendessem, mas eles teriam atirado contra os agentes.
“O uso de armas foi necessário e proporcional contra a agressão real e iminente e fora da lei”, declarou Sales. “Em nossas mentes eles [policiais] agiram em legítima defesa”, completou.