Agência Efe
Manifestante carrega cartaz em frente a Casa Branca
Milhares de pessoas tomaram as ruas de Washington no segundo dia da 19ª Conferência Internacional de AIDS para levantar uma série de questões relacionadas à doença, incluindo políticas de saúde e sexualidade. Com diferentes lemas, os diferentes grupos e ativistas se reuniram em frente à Casa Branca nesta terça-feira (24/07) e chamaram pelo presidente para exigir mudanças em sua política.
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O protesto foi reprimido pela polícia norte-americana que chegou a prender alguns manifestantes enquanto amarravam potes de remédios e notas de dinheiro com fitas vermelhas nos portões da sede do governo dos EUA para simbolizar seu desejo de maior financiamento para erradicação da AIDS. “O mundo todo está assistindo!”, gritaram os ativistas para a polícia.
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Uma das manifestantes é presa pela polícia ao amarrar fitas no portão da Casa Branca
Os diferentes grupos, alguns vinculados à Conferência outros não, se reuniram ao meio-dia em frente ao Centro de Convenções que recebe o evento e se separaram em diferentes caminhos até a Casa Branca. Enquanto Hillary Clinton discursava na Conferência, os manifestantes pediam inúmeras mudanças na política contra a AIDS dos EUA.
Alguns exigiam o tratamento imediato de norte-americanos de baixa renda que ainda estão na lista de espera, outros pediam a implementação total da reforma do sistema de saúde de Obama e muitos clamavam pelo fim dos acordos comerciais que aumentam os preços dos medicamentos.
O Pepfar, programa de ajuda dos EUA para erradicação da AIDS em países menos desenvolvidos, também foi fruto de críticas dos ativistas. Além de exigirem aumento na verba destinada ao plano, os manifestantes denunciaram que o programa exclui a chamada “população de risco”, isto é, trabalhadores do sexo e usuários de drogas.
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Grupo de manifestantes pede pelo fim da guerra contra as drogas
Segundo os ativistas participantes, para receber ajuda do PEPFAR, as ONGs deveriam assinar uma cláusula afirmando sua oposição à prostituição que proíbe qualquer tipo de atividade relacionada a estes trabalhadores. Este foi o caso da ONG indiana, Shangram, acusada por missionários evangélicos norte-americanos de “levarem mulheres ao bordel”.
Juntaram-se a esta luta ativistas que lutam pela descriminalização das drogas e pela legalização da prostituição. Com cartazes escritos “Lute contra a AIDS! Chega de guerra às drogas” e “Parem com a caça às trabalhadores do sexo”, esses manifestantes acreditam que estes estigmas apenas ajudam a epidemia da AIDS a crescer.
Tendo em vista atingir esta “população de risco”, a secretaria de Estado dos EUA, Hillary Clinton, anunciou nesta segunda-feira (23/07) um investimento de 37 milhões de dólares em uma série de iniciativas para erradicar e prevenir a doença entre trabalhadores do sexo e usuários de drogas.
Em seu discurso na Conferência por uma “generação sem AIDS”, Clinton deixou de mencionar, no entanto, o veto norte-americano a entrada de trabalhadores do sexo e de usuários de drogas no país que não conseguiram entrar para atender ao evento internacional. Como consequencia disso, uma conferência alternativa na Índia foi criada.
Os protestos, no entanto, não se mantiveram apenas nas ruas de Washington, mas se estenderam também aos espaços internos do Centro de Convenções.
Um grupo de vinte pessoas, incluindo mulheres, homens, e transsexuais, interrompeu a abertura da sessão de terça-feira (24/07). Vestindo coroas da Estátua da Liberdade e assoprando vuvuzelas, os ativistas gritavam “Sem trabalhadores do sexo? Sem usuários de drogas? Não a Conferência Internacional da AIDS”.
A 19ª Conferência Internacional da AIDS ocorre nos EUA pela primeira vez em 20 anos e será concluída na próxima sexta-feira (27/07). Cerca de 16 mil pessoas participam do evento, incluindo importantes políticos e celebridades famosas.