Faz algum tempo que os partidos políticos na Argentina abandonaram as concentrações em massa, os grandes atos públicos, em favor do alcance garantido pela televisão. Alguns até se animaram a participar da chamada “Casa do Grande Cunhado”, uma paródia do reality show Big Brother na qual os integrantes são atores que imitam os principais candidatos ao Parlamento e inclui até um imitador da presidente Cristina Kirchner. Os especialistas em opinião pública não entram em acordo na hora de avaliar se a presença dos candidatos melhora ou não suas chances nas eleições do próximo domingo.
Assista a paródia sobre o candidato Francisco de Narvaez:
Marcelo Tinelli é o diretor, dono da ideia e proprietário da bem-sucedida produtora Ideas del Sur, responsável pelo Show Mach, programa que inclui o segmento “Grande Cunhado”. Neste ano, Tinelli decidiu abandonar os concursos de dança, nos quais vedetes e atrizes voluptuosas faziam danças eróticas para realizar o sonho de seus parceiros desconhecidos, rendendo impressionantes níveis de audiência. Há pouco mais de um mês, a joia de seu programa concentra-se em parodiar os dirigentes políticos.
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Assim, é possível ver uma Cristina Kirchner e seu marido Néstor Kirchner compartilhar uma clausura fictícia com o vice-presidente Julio Cobos, o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, e o candidato a deputado federal Francisco De Narváez, que competem para se tornar o grande cunhado 2009.
Embora a audiência fosse espetacular, ela diminuiu ao longo das transmissões. Percebendo o problema, Tinelli idealizou uma mudança e criou o “direito de resposta” – que não é outra coisa além de juntar o imitado com seu imitador. Até agora passaram pelo programa De Narváez, Gabriela Michetti, a primeira candidata da União Pro na capital, e até o governador da província de Buenos Aires e candidato a deputado, Daniel Scioli. A grande aposta de Tinelli é convencer Kirchner a unir-se a seu imitador no estúdio. Um fator a ser levado em conta é que o programa é transmitido pelo canal 13, uma empresa do grupo Clarín, que mantém um duro confronto com o governo federal.
Artemio López, da Consutora Equis, é contundente ao afirmar que “o fato de se tratar de um programa de sucesso em nada garante que o participante vá obter um voto a mais ou a menos. Não há influência”.
Já Carlos Germano considera que, para os candidatos do governo, “não é recomendável” participar, porque “no programa as imitações não os favorecem”. Ele garante que o mesmo não ocorre com os candidatos da oposição. “O caso de De Narváez é o mais claro de todos. Eles o mostram, apesar de ser um multimilionário, como um homem simples, comum e até simpático. Tanto que ninguém mais se lembra de que ele é suspeito num caso de contrabando de efedrina”.
Ricaro Rouvier jura que não estudou o tema, que não o mediu em suas pesquisas de opinião, mas se atreve a dizer que é pouco provável que o programa mude o voto de alguém. Para ele, embora seja “uma amostra da banalização da política, muito forte nos anos 1990”, o programa não conseguirá influenciar o eleitor porque, diante da intensa campanha eleitoral midiática, “acaba neutralizado por este clima de sufocamento, de esgotamento vivido pelo cidadão, pelo eleitor”.
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