A Polônia está solicitando fundos na América Latina e na Espanha para financiar a conservação do campo de concentração de Auschwitz, local que se deteriora com o tempo e que necessita com urgência de dinheiro para continuar sendo preservado.
“Seria vergonhoso permitir que o campo de concentração desapareça”, disse nesta quinta-feira (30/9) à agência Efe o diretor da fundação Auschwitz-Birkenau, Jacek Kastelaniec, responsável pela iniciativa internacional iniciada para evitar a destruição do campo, que está ameaçado pela neve, pela água e, sobretudo, pelo tempo.
“Achamos que na Espanha existe uma consciência da importância de Auschwitz como um símbolo, portanto esperamos que o Governo espanhol participe”, explicou Kastelaniec, que em outubro viajará para Madri para se reunir com representantes do Ministério de Relações Exteriores e com organizações privadas.
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A fundação Auschwitz-Birkenau acredita que a Espanha dará uma contribuição de acordo com seu tamanho e peso na Europa, mas tem consciência de que o país ibérico sofre com a crise econômica.
Em dezembro, Kastelaniec e sua equipe vão visitar Brasil e Argentina, onde também estão otimistas quanto à arrecadação de fundos para manter o que resta do campo de concentração e dos conteúdos de seu museu, onde estão expostos mais de 100 mil objetos que pertenceram a prisioneiros, documentos e uma série de lembranças.
Um exemplo dessa degradação está nos poucos prédios que ainda estão abertos à visitação. O objetivo da iniciativa é reunir 120 milhões de euros antes do final de 2015 e aplicar esse dinheiro em um fundo seguro para que gere juros anuais entre quatro e cinco milhões de euros, quantia necessária para as principais reformas e manutenção do campo.
“Após conseguirmos essa quantia, não voltaremos a fazer pedidos, mas administraremos o dinheiro para que os juros nos permitam cobrir os custos”, afirmou.
A Alemanha já prometeu doar 60 milhões de euros, a Áustria seis milhões e os Estados Unidos 12 milhões.
“É preciso levar em conta que em nossas sociedades, embora sejam estáveis e democráticas, ainda existe racismo, anti-semitismo e intolerância, por isso é importante preservar para o futuro um lugar como Auschwitz, pois permitirá às próximas gerações ver os erros do passado”, disse Kastelaniec.
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A realidade é que desde que o museu de Auschwitz-Birkenau abriu as portas, há mais de 60 anos, o Estado polonês vem assumindo praticamente a totalidade de seu custo, com uma contribuição anual próxima de 4,6 milhões de dólares, enquanto as contribuições estrangeiras foram simbólicas.
“Se nossa necessidade fosse a de consertar os telhados, então 15 mil euros seriam suficientes. Mas se trata de conservar tudo da forma como ficou após a Guerra”, ressaltou o diretor da fundação, que reconheceu que é necessária uma grande quantia de dinheiro com urgência para deixar tudo da forma como estava após 1945.
“Nós não podemos reconstruir, o que seria mais barato, mas precisamos preservar, o que é muito mais caro”, ressaltou Kastelaniec.
O campo de Auschwitz-Birkenau, lembra, foi um dos principais palcos do Holocausto, onde mais de um milhão de pessoas, em sua maioria judeus, foram assassinados na chamada “fábrica da morte”.
O local tem cerca de 200 hectares, onde existem 155 edifícios e 300 ruínas – incluindo as das câmaras de gás -, e em 1979 foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco. No ano passado as instalações receberam 1,3 milhão de visitantes.
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