O novo presidente de Honduras, Porfirio Lobo, tomou posse hoje (27) no cargo para o qual foi eleito e ao qual chega sete meses após a crise política deflagrada pelo golpe de Estado que tirou o presidente Manuel Zelaya do poder. E, durante a própria cerimônia de posse, sancionou o decreto que dá anistia aos envolvidos no golpe, aprovada ontem.
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Lobo, de 62 anos, recebeu a faixa presidencial das mãos do presidente do Congresso, Juan Orlando Hernández, seu companheiro de partido, no Estádio Nacional de Tegucigalpa. No mesmo ato, jurou respeitar a constituição do país, segurada por sua esposa, a nova primeira-dama Rosa de Lobo.
O suposto desrespeito à constituição foi o pretexto usado pela oposição, pela Justiça e por militares para retirar do poder Zelaya à força, pelo fato de o presidente legítimo ter convocado um plebiscito, o que seria prerrogativa do Congresso.
EFE
Porfirio Lobo abraça o companheiro de partido e presidente do Congresso, Juan Orlando Hernández
Segundo a imprensa local, a cerimônia começou com horas de atraso. Antes da chegada de Lobo no estádio, houve o hasteamento da bandeira hondurenha, a entoação do hino nacional e uma missa católica.
O ato foi acompanhado pelos presidentes do Panamá, Ricardo Martinelli; da República Dominicana, Leonel Fernández, e de Taiwan, Ma Ying-jeou – os únicos que compareceram à cerimônia.
Após o presidente, tomaram posse os três novos vice-presidentes hondurenhos: María Antonieta de Bográn, Samuel Reyes e Víctor Barnica.
Anistia
No discurso, Lobo afirmou que Honduras superou a pior crise de sua história democrática e pediu uma reconciliação “necessária e indispensável” com a comunidade internacional.
“Acabamos de sair da pior crise política de nossa história democrática, mas conseguimos evitar todos os grandes riscos que nossa nação enfrentava”, declarou, citado pela agência de notícias espanhola Efe.
Instantes depois, ele interrompeu a fala e, após pedir ao presidente do Congresso que trouxesse o decreto que dá anistia aos envolvidos na derrubada de Zelaya, assinou o documento – seu primeiro ato na presidência hondurenha.
“O congresso nacional, soberano, aprovou a anistia. Este é o principio da reconciliação, o perdão de parte do Estado para perdoar todos nós”, disse Lobo, de acordo com o jornal hondurenho El Tiempo.
No discurso, o presidente também agradeceu à OEA (Organização dos Estados Americanos) pelos esforços para tentar superar a crise política e disse estar “seguro de que em breve permitirá a pronta reincorporação de Honduras” à entidade.
Zelaya
Enquanto isso, na embaixada do Brasil em Tegucigalpa, é aguardada a saída do presidente deposto, Manuel Zelaya. Uma passeata favorável a ele foi convocada para se despedir do chefe de Estado, que espera receber um salvo-conduto de Lobo e partir para o exílio na República Dominicana.
Zelaya pediu aos manifestantes que não se aglomerem na porta da embaixada. Por isso, a marcha da frente de resistência ao golpe deve se dirigir para o aeroporto de Toncontín, onde um esquema de segurança já foi montado.
A passeata foi autorizada pela polícia hondurenha, “desde que sem causar nenhum tipo de dano nem bloqueio da via pública”, disse o chefe de polícia, identificado somente como Flores, ao jornal El Heraldo.
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