Horas após Kiev ter enviado tropas para o leste da Ucrânia “por medo de uma nova ofensiva militar” por parte dos manifestantes pró-Rússia de Donetsk e Lugansk, o governo do presidente Petro Poroshenko afirmou que não “têm a intenção de renunciar ao cessar-fogo” acordado com os movimentos autonomistas que atuam na região. Entretanto, o ministro da Defesa ucraniano, Stepan Poltorak, ressaltou que a principal tarefa neste momento é “nos prepararmos para uma ação militar”.
Enquanto isso, nos últimos dias, saltam denúncias, de ambos os lados, de rompimento da trégua assinada em setembro, chamada de Acordo de Minsk. “O cessar-fogo só existe no papel. No terreno, a violência aumenta a cada dia”, disse o general Philip Breedlove, comandante supremo das forças da Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte) na Europa. Os movimentos autonomistas de Lugansk e Donetsk também acusam o governo central ucraniano de desrespeitar o acordo.
Agência Efe
Homem caminha sobre escombros de edifício em Donetsk em foto tomada na terça-feira (11/11)
Antes disso, a situação já havia se deteriorado com a realização de eleições, não reconhecidas por Kiev, para escolher representantes nas regiões a leste do país, motivo que levou Kiev a, como punição, cortar o repasse de verbas para a região autonomista.
Desde quarta (12/11), o cenário ficou ainda mais grave após as acusações feitas pela Otan de que a Rússia teria enviado tropas e armamento pesado para a região da fronteira com a Ucrânia. Observadores da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) também alegam ter visto 43 caminhões militares sem distintivo que transportavam plataformas de lançamento de mísseis e canhões.
Moscou nega as declarações. O major-general Igor Konashenkov, funcionário do Ministério russo da Defesa, disse que “não houve e não há fatos” que sustentem as declarações e que a Rússia deixou de prestar atenção a tais acusações da Otan. Isso porque não é a primeira vez que a organização acusa o país de enviar tropas para auxiliar os manifestantes.
Violação do cessar-fogo
Também nesta quinta, quatro soldados ucranianos morreram e 18 pessoas ficaram feridas após confrontos, de acordo com informações divulgadas por Kiev. Os separatistas, por sua vez, dizem que três manifestantes foram feridos durante os bombardeios noturnos em Donetsk.
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“A situação no leste continua sendo tensa”, diz uma nota da operação militar divulgada hoje. Os manifestantes pró-Rússia teriam lançado 44 ataques nas últimas horas contra as posições das tropas governamentais principalmente “contra uma base nas proximidades do aeroporto de Donetsk, epicentro dos combates violentos”, diz o texto.
Agência Efe
Transeuntes observam prédio bombardeado em Donetsk
Na noite desta quarta-feira (12/11), várias explosões foram ouvidas em Donetsk. Os insurgentes afirmaram que eram bombardeios ucranianos contra um bairro próximo ao aeroporto, onde estão sendo travados os principais confrontos.
Segundo o comando ucraniano, a situação nas regiões de Donetsk e Lugansk continua grave, em particular nas cidades de Debaltsevo, Kamenki e Pavlopol, onde os manifestantes utilizaram fogo de morteiro contra posições das forças do governo de Kiev.
Os manifestantes, por sua vez, insistem que estão respeitando os acordos de Minsk, em particular o cessar-fogo, e negam que estejam planejando uma ofensiva contra as forças governamentais, como diz Kiev, mas ressaltam que eles se reservam no direito de “defesa em larga escala”.
Também nesta quarta, a ONU (Organização das Nações Unidas) afirmou que está “seriamente preocupada pela possibilidade do retorno de combates em grande escala”. O secretário-geral adjunto interino da organização para Assuntos Políticos, Jens Anders Toyberg-Frandzen, disse que a “única alternativa [para o fim do confronto] é que a luta termine e que os ucranianos possam viver em um país estável e seguro”. Para ele, o acordo de cessar-fogo está sob “contínuo e grave” perigo.
Investigação do MH17 será estendida
Austrália, Holanda, Ucrânia, Bélgica e Malásia concordaram nesta quinta-feira (13/11) em estender por mais nove meses as investigações sobre a queda do avião da Malaysia Airlines que caiu em julho no leste da Ucrânia com 298 pessoas a bordo.
“Apesar de os países-membros (da equipe conjunta de investigação) terem concordado em trabalhar até agosto de 2015, enfatizo que a Austrália está disposta a trabalhar o tempo que for necessário para levar os responsáveis à Justiça”, disse em comunicado o ministro da Justiça australiano, Michael Keenan.