A Prefeitura de Berlim pretende recomprar uma antiga estação de espionagem do governo norte-americano localizada no oeste da cidade, anunciou nesta quarta-feira (22/10) uma porta-voz do futuro prefeito, Michael Müller (SPD), que assume o cargo em dezembro.
Teufelsberg foi utilizada por EUA (por meio da NSA, a Agência Nacional de Segurança) e Reino Unido durante a Guerra Fria para monitorar os países do bloco socialista. A estação fica em cima de um morro que, por sua vez, foi formado após o aterramento de uma construção da época do nazismo. Na divisão da cidade, após a Segunda Guerra Mundial, a área ficou sob responsabilidade de Londres.
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Topo do morro, com a estação de Teufelsberg; Prefeitura de Berlim quer recomprar estação
Apesar do acesso difícil, a estação hoje é utilizada como ponto turístico (com cobrança de entrada), como cenário de filmes e até como depósito de lixo. A ideia do futuro governo é aumentar o número de visitantes e, segundo o jornal local Tagesspiegel, deve ser criado um café dentro de uma das torres de escuta e um museu sobre espionagem. Estima-se que a recompra possa custar € 35 milhões (quase R$ 110 milhões).
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A área foi comprada em 1996 por um investidor privado, com a proposta de construir residências de luxo. Em 2005, no entanto, o governo da cidade declarou a região (que também compreende o lago Teufelsee) área de proteção ambiental, impedindo modificações no terreno. Com a proibição, o local ficou praticamente abandonado. Hoje, é cercado e guardado por seguranças, que cobram ingresso dos visitantes.
Rafael Targino/Opera Mundi
Vista interna de Teufelsberg; área foi vendida em 1996 para a construção de residências de luxo
Novo prefeito
Müller foi escolhido neste final de semana como o sucessor do atual prefeito, Klaus Wowereit (SPD). Ele foi eleito pelos filiados do Partido Social-Democrata, que governa atualmente a capital alemã em coligação com a CDU (União Democrata-Cristã), da chanceler Angela Merkel.
Wowereit anunciou no mês passado que deixaria o cargo após 13 anos. Muito popular no começo da gestão (e famoso por ter assumido publicamente a homossexualidade ainda durante a campanha para a prefeitura), “Wowi”, como é conhecido, viu a aprovação à gestão cair durante os anos e deixa o posto sob críticas por não ter conseguido abrir o novo aeroporto de Berlim, que está pronto há pelo menos dois anos. A construção tem falhas estruturais que impedem o começo do funcionamento.