A Nova Zelândia deve realizar um referendo para alterar a bandeira do país, anunciou nesta terça-feira (11/03) o primeiro-ministro John Key. Para ele, a bandeira representa um período da história de dominação do Reino Unido, o qual a Nova Zelândia já superou – além de muitas vezes ser confundida com a bandeira australiana.
Wikicommons
Atual bandeira da Nova Zelândia é aprovada por 72% da população do país, segundo pesquisa realizada no último mês
“Eu acredito que a bandeira simboliza a era colonial que já passamos”, disse o premiê em discurso na Universidade de Victoria, reforçando que o momento era propício para dar “mais um passo na evolução da moderna Nova Zelândia”. Para Key, a mudança mostraria uma maneira de “reconhecer a nossa independência”.
Na ocasião, o primeiro-ministro analisou a possibilidade de bandeiras alternativas, como uma que contenha uma imagem de uma samambaia de prata sobre um fundo preto, tal como é o símbolo do tradicional time de rúgbi do país, All Blacks. Outra opção também seria uma versão do Koru maori – desenho em espiral que representa crescimento e harmonia para os maoris, povo que habitava o país antes da colonização inglesa.
No entanto, o referendo só acontecerá se Key ganhar as eleições parlamentares, marcadas para setembro. Para sustentar seu argumento, ele também citou a mudança da bandeira do Canadá em 1965 como exemplo. “Essa bandeira velha representou o Canadá como era uma vez, ao invés de como é agora. Da mesma forma, eu acho que a nossa bandeira nos representa como fomos uma vez, ao invés de como estamos agora”, explica.
Wikicommons
A Seleção neozelandesa de Rugby, mais conhecidos como All Blacks, é uma das melhores equipes de Rugby do mundo
NULL
NULL
Contrários ao projeto
Os principais líderes da oposição criticaram as declarações do primeiro-ministro a respeito de uma mudança na bandeira, pois acreditam que a medida seja uma tentativa de desviar a atenção de problemas como a desigualdade social. Para o Partido dos Trabalhadores, também da oposição, não há razão para contrariar o governo, mas de fato a bandeira “não é a principal questão em jogo nestas eleições”.
Ainda há também dúvidas a respeito do apoio da população. Em uma pesquisa realizada no último mês, apenas 28% dos cidadãos demonstraram interesse na transformação da bandeira, enquanto 72% se disseram satisfeitos com a versão atual. Em uma pesquisa similar, em 2004, 42% queriam mudanças.
Além disso, houve pessoas que alegaram que as tropas do país lutaram e morreram para a existência da bandeira, criticando também que a medida poderia afetar as atuais relações com o Reino Unido. Para estes, Key afirmou que não havia nenhuma intenção de cortar laços com a monarquia britânica. “Mantemos uma relação constitucional forte e importante com a monarquia e não há sentido para deixar isso de lado”, disse.