Pela segunda vez consecutiva, o prêmio Mo Ibrahim, que contempla o bom governo na África, não foi entregue a nenhum líder do continente, segundo anunciou a fundação que o organiza nesta segunda-feira (14/10). A premiação é destinada a presidentes que foram eleitos democraticamente e saíram do cargo no fim do mandato, de maneira pacífica.
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Joaquim Chissano, ex-presidente de Moçambique, primeiro líder africano a receber o prêmio Mo Ibrahim
“Depois de uma cuidadosa análise, o júri decidiu não atribuir o prêmio de bom governo”, disse o presidente do júri, Salim Ahmed Salim, antigo primeiro-ministro da Tanzânia. “Este prêmio pretende homenagear antigos chefes de Estado ou de governo que, durante o mandato, desenvolveram um trabalho de excelência na liderança do país, e ao fazê-lo, apresentam-se como exemplos a seguir pela geração seguinte”, acrescentou.
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Esta é a quarta vez em cinco anos que a premiação, criada em 2007 no valor de cinco milhões de dólares a serem distribuídos em dez anos, não é atribuída a ninguém. Apesar disso, seu fundador, o empresário sudanês de telecomunicações Mo Ibrahim, rejeitou que o problema seja a limitação dos critérios, que poderiam ser alargados para abranger outros dirigentes políticos. Ele criou o prêmio na tentativa de incentivar os líderes africanos a deixarem os cargos voluntariamente no final dos seus mandatos.
Desde 2007, apenas três presidentes foram premiados: Joaquim Chissano, de Moçambique (2007), Festus Mogae, do Botswana (2008) e Pedro Verona Pires, de Cabo Verde (2011). Este último foi contemplado por sua “visão de transformar Cabo Verde num modelo de democracia, estabilidade e crescente prosperidade”, segundo o comitê organizador. A falta de premiados em quatro anos é considerada um indicador do estado da democracia no continente africano.