O discurso mais eloquente do terceiro dia da 78ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta quinta-feira (21/09) foi o do presidente de Gana, Nana Akufo-Addo, que cobrou dos Estados Unidos e de países da Europa que promoveram o comércio transatlântico de escravos africanos uma indenização às nações africanas que tiveram sofreram com essa atividade.
“Chegou a hora de reconhecer abertamente que grande parte da Europa e dos Estados Unidos foi construída com base na vasta riqueza obtida através do suor, das lágrimas, do sangue e dos horrores do comércio de escravos”, declarou Akufo-Addo, em Nova York.
O mandatário ganense acrescentou que “nenhuma quantia de dinheiro compensará os horrores, mas deixaria claro que o mal foi perpetrado”.
“Milhões de africanos produtivos foram arrancados do nosso continente e levados às Américas para o enriquecimento dos países estrangeiros que os venderam, e daqueles que utilizaram esses escravos para construir sua pujança mediante a tortura e a indignidade”, comentou.
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Discurso do presidente ganense Nana Akufo-Addo foi um dos destaques do terceiro dia da Assembleia Geral da ONU
Akufo-Addo também pediu à Comunidade Internacional que “não finja que as atuais condições econômicas e sociais na África não têm a ver com as injustiças históricas que moldaram as estruturas do mundo”.
“É verdade que as gerações atuais não são as que sofreram com o comércio de escravos, mas também deve-se ressaltar que aquele grande empreendimento desumano foi patrocinado e deliberado por países que hoje se situam em posições de privilégio na atual arquitetura econômica das nações graças àquele modelo que eles desenharam e executaram”, acusou o presidente de Gana.