O presidente de Honduras, Manuel Zelaya, foi preso hoje (28) pelas tropas do Exército e trasladado para a Costa Rica. Sua casa foi rodeada de madrugada por veículos militares e cerca de 200 soldados garantiram a detenção, de acordo com seu filho, Héctor Zelaya, em entrevista à rede de televisão Telesur. A primeira-dama, Xiomara Castro de Zelaya, afirmou que o presidente sofreu violência, assim como outros membros da família.
Simpatizantes de Manuel Zelaya protestam em Tegucigalpa – Roberto Escobar/EFE
A prisão vem dias após Zelaya ter destituído o Chefe das Forças Armadas Romeo Vasquez e no dia da realização de um referendo a respeito de uma votação que possibilitaria uma reforma constitucional no país.
Em entrevista à Telesur, a chanceler hondurenha, Patricia Rodas, qualificou a ação como um golpe de estado. “O que aconteceu foi um crime contra a democracia. Os grupos econômicos de poder participaram desse golpe”, acusou. Ela pediu que o povo tome as ruas do país. “Peço que não tenham medo. Juntos, poderemos sair dessa situação”.
O Exército lançou bombas de gás lacrimogênio contra cerca de 600 pessoas que protestavam em frente à casa de Zelaya. Ainda não há informações sobre feridos.
Dias antes da consulta popular, Zelaya apareceu em público e na televisão acompanhado de lideranças sindicais, camponesas, indígenas, municipais, jurídicas, estudantis e políticas, que apoiam a realização do referendo de domingo. A oposição conta com o apoio de partidos tradicionais, empresários, veículos da imprensa e líderes religiosos.
Ainda segundo a Telesur, que tem uma repórter em Tegucigalpa, os apoiadores de Zelaya já começaram a se mobilizar e a exigir a soltura do presidente. A eletricidade e os meios de comunicação foram interrompidos logo após a prisão de Zelaya e o Exército aconselhou as pessoas a ficarem em casa. O canal 8 – governista – foi fechado.
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Reações
Em entrevista à Telesur, o presidente venezuelano, Hugo Chávez mostrou estar preocupado com o que chamou de “golpe troglodita”. “A burguesia está utilizando o Exército para ter o que quer. Estão assustando o povo, um povo desarmado. Oxalá não ataquem. Esse continente já está cheio de violência”, disse.
O presidente, que é amigo próximo do presidente Zelaya, acredita que a mobilização popular o fará retornar ao país. “Agora esses soldados vão saber o que é o povo. Chegou a hora do povo de Honduras. É muito triste um golpe contra um presidente que só tentava uma consulta popular, e que foi democraticamente eleito e tudo culpa dos ricos, que converteram Honduras em uma república 'bananera'”.
Chávez exortou o presidente norte-americano, Barack Obama, a se pronunciar o mais rápido possível, “para que não pareça que está apoiando”. “Digo aos golpistas que Honduras não está sozinha. O golpe será derrotado pelo povo de Honduras”.
Por volta das 12h Obama emitiu comunicado em que manifestou preocupação pela situação em Honduras. “Estou profundamente consternado com os informes que chegam de Honduras. Peço que todos os atores políticos e sociais respeitem as normas democráticas”.
Também vítima de uma tentativa de golpe de estado, em abril de 2002, Chávez afirmou que a operação em Honduras foi muito similar à vivida por ele. “É o mesmo formato. O povo irá pra rua, eu os conheço”.
O presidente boliviano Evo Morales declarou seu apoio a Zelaya e afirmou ser direito do povo hondurenho decidir por uma nova constituição política.
“É um golpe de estado. E o repudio profundamente”, afirmou.
A União Europeia exigiu a imediata libertação de Zelaya.
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