O presidente deposto por um levante militar no Gabão, Ali Bongo Ondimba, apelou nesta quarta-feira (30/08) por ajuda internacional após um grupo de soldados tomar o poder no país africano.
“Envio uma mensagem a todos os nossos amigos em todo o mundo para lhes dizer para fazerem barulho”, disse o presidente em um vídeo gravado no Palácio Presidencial, durante prisão domiciliar, e divulgado nas redes sociais.
“Meu filho está em algum lugar, minha esposa está em outro lugar e eu estou na minha residência. Não sei o que está acontecendo”, acrescentou Bongo Ondimba, que no último sábado (26/08) havia sido reeleito nas eleições presidenciais do país com 64,27% dos votos, segundo o Centro Eleitoral do Gabão.
Por sua vez, os generais responsáveis pela deposição do presidente informaram que sua família também está na sede da Presidência, bem como seus médicos.
Os militares informaram que o filho e conselheiro próximo de Bongo Ondimba, Noureddin Bongo Valentin, foi preso por “alta traição” juntamente com outros seis membros próximos do chefe de Estado.
Bongo Ondimba, de 64 anos, está na presidência desde 2009, após a morte do seu pai, Omar Bongo, que governou a nação africana durante 41 anos sem interrupção.
Omar Bongo foi o segundo presidente do Gabão após a independência da França, em 1960. Seu mandato ocorreu de 1967 a 2009, quando faleceu.
Flickr/UNclimatechange
Presidente deposto do Gabão está em prisão domiciliar na sede da Presidência do país africano
Comitê de transição
O grupo de 12 militares do Gabão informou a tomada do poder no país na madrugada desta quarta-feira, dissolvendo as instituições do país (Governo, Senado, Assembleia Nacional, Tribunal Constitucional e Conselho Eleitoral) e anulando o resultado das eleições que reelegeram Bongo Ondimba.
O anúncio dos oficiais ocorreu por meio do Gabon 24, canal de televisão da Presidência do Gabão, informando que Bongo Ondimba foi deposto de seu cargo, mas que continua com todos os direitos civis, segundo o general Brice Oligui Nguema.
De acordo com o militar, a decisão de remoção de Bongo Ondimba do poder ocorreu após sua terceira reeleição, que concedia-lhe um novo mandato de cinco anos no país. Para o general, o então presidente não deveria ter direito de ser eleito mais uma vez.
O conselho de generais também afirmou que tomará decisões sobre quem será o novo líder do país.
O grupo se autodenominou “Comitê para a Transição e Restauração das Instituições” e declarou ter o objetivo de acabar com a “contínua deterioração da coesão social que corre o risco de levar o país ao caos”.
Segundo os militares, o levante acontece face ao que chamaram de “graves problemas institucionais, políticos, econômicos e sociais” no Gabão. Também fecharam as fronteiras do país “até novo aviso”.
“Reafirmamos o nosso apego ao respeito pelos compromissos do Gabão perante a comunidade nacional e internacional. Povo gabonês, é finalmente a nossa fuga para a felicidade”, declararam os militares, segundo o canal gabonês Gabon24.
Segundo correspondentes da Al Jazeera, cidadãos gaboneses “estavam nas ruas da capital, Libreville, celebrando e agitando bandeiras” após o levante militar.
(*) Com Sputniknews e TeleSUR