Prestes a deixar seu cargo, o atual presidente do México, Felipe Calderón, partiu em defesa de sua gestão e convocou todos os mexicanos a apoiar seu sucessor, Enrique Peña Nieto, do PRI (Partido Revolucionário Institucional), “acima de quaisquer diferenças”.
Nesta segunda-feira (03/09), em sua última mensagem dirigida à nação, o presidente alegou ter feito com que o México superasse a “pior crise econômica global” e se tornasse um “país melhor”. Ele reconheceu seu governo como o responsável por transformar o país em uma sociedade de classe média e alegou que “hoje a democracia é mais forte do que há seis anos”.
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Efe
Apesar de seu tom triunfal, Calderón cobrou empenho de Peña Nieto, que assumirá o cargo no dia 1º de dezembro, em busca da aprovação de reformas que não concluiu ao longo de sua administração. O presidente disse ter sido capaz de reverter a “dinâmica perversa” que marcava a segurança pública do país, evitando “o fortalecimento do crime e a fragilização do Estado”. Contudo, reconheceu as mais de 50 mil mortes decorrentes de sua “guerra às drogas” como o produto de apenas “alguns erros e abusos” e argumentou que esses números fazem “parte da solução”.
Em termos de legislação política, o presidente reconheceu que o sistema eleitoral precisa ser aprimorado de tal forma que “os resultados não deixem dúvidas”, assim como ocorreu neste pleito e no que o elegeu, em 2006. O candidato da esquerda mexicana, Andres Manuel López Obrador, insiste que a vitória de Peña Nieto é ilegítima e já convocou uma campanha de desobediência civil para o próximo dia 9 de setembro. Por meio de sua conta do Twitter, ele garantiu que apenas desistirá de sua candidatura quando concluir que “a pátria pertence a todos e não a 30 poderosos”.
Transição
O secretário de Governo do México, Alejandro Poiré, anunciou nesta terça-feira (04/09) que é “iminente” a reunião entre Calderón e Peña Nieto para definir os detalhes do processo de transição.
Em entrevista coletiva, ele confessou que as polícias locais do país “estão se reconstruindo pouco a pouco, de forma mais lenta que o desejado”. Por essa razão, revelou que “há um consenso [entre o presidente e seu sucessor] de que as forças armadas vão continuar cumprindo com sua responsabilidade constitucional” até que seja possível “avançar e dar certezas à população”.
Nossa responsabilidade como governo federal é dupla: por um lado, manter o diálogo político com todas as forças políticas e, por outro, atender às obrigações legais da transição”, explicou. “O próprio presidente disse claramente que o objetivo é ter uma transição que seja útil para o México, isto é, que permita fornecer ao governo eleito informações necessárias, especialmente em matéria de segurança pública”.
“O governo federal não vai abandonar a sociedade e utilizará os instrumentos que estiverem ao seu alcance para resguardar a segurança das localidades”, reiterou.