O Uruguai está cansado de esperar pela ajuda do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem) para viabilizar o financiamento de um projeto de interconexão energética, ainda não aprovado por falta de resposta da Argentina. Por isso, considera a hipótese de buscar outras fontes.
O diretor de Assuntos Políticos da chancelaria uruguaia, Elbio Rosselli, disse ao Opera Mundi que o país pretende “avançar na hipótese de considerar fontes alternativas de financiamento”.
Esse é um dos assuntos que o presidente Tabaré Vázquez vai tratar com Luiz Inácio Lula da Silva em sua visita a Brasília, nesta terça-feira (10). Hipóteses prováveis seriam pedir o financiamento do Brasil ou de algum organismo internacional, ambas fora da estrutura do Mercosul.
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O projeto, apresentado pelo Uruguai, prevê a construção de linhas transmissão de energia elétrica que permitam um abastecimento permanente entre este país e o Brasil, já que atualmente a energia deve passar pela Argentina – a interconexão seria entre San Carlos, no sul do Uruguai, e Candiota, no Rio Grande do Sul. Mas Buenos Aires ainda não deu aval.
Fontes do governo uruguaio apontam que uma das hipóteses é que a Argentina esteja bloqueando esse acordo para usá-lo como moeda de troca e pressionar o Uruguai a aceitar a candidatura do ex-presidente Néstor Kirchner para a Secretaria Geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul). Mas o Uruguai não está disposto a ceder, e manterá o veto a Kirchner até que não seja suspenso o bloqueio da ponte binacional General San Martín.
A ponte foi bloqueada pela Assembléia Ambiental de Gualeguaychú, na Argentina, em protesto pela instalação da fábrica de celulose finlandesa Botnia no Rio Uruguai, que divide os dois países. O funcionamento da papelera, como se diz na região, fere princípios do Tratado do Rio Uruguai,alegam os ambientalistas argentinos.
Argentinos: estamos analisando
A chancelaria argentina se limitou a informar que este projeto do Focem está sendo analisado em diversos âmbitos do governo.
Do Brasil, o Uruguai já recebeu a promessa de um aumento de 200 megawatts no abastecimento, com promessa de chegar a 500.
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O subsecretário de Indústria, Gerardo Gadea, diz que o Brasil cumpriu o acordo, mas agora é necessário mantê-lo e formalizá-lo através da assinatura de um convênio de cooperação. Lula e Tabaré também devem firmar um acordo que visa facilitar a integração nas regiões de fronteira, em termos de educação, cultura e desenvolvimento social.
Outro tema da reunião em Brasília será a crise financeira internacional. Os dois países reafirmarão seu repúdio ao protecionismo. Elbio Rosselli destacou que, em matéria de diagnóstico e propostas para fazer frente à crise, existe “total e absoluta coincidência entre os governos”, que têm atualmente, segundo ele, “ótimo relacionamento bilateral”.
“Medidas que restrinjam o comércio internacional serão rechaçadas”, afirmou o diretor. A Argentina tem aplicado medidas restritivas às exportações brasileiras e demorado para liberar licenças para os produtos uruguaios.
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