O presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, e seu vice, Riek Machar, declararam cessar-fogo nesta segunda-feira (11/07) e o “fim das hostilidades”, em uma tentativa de por fim aos recentes conflitos que, nos últimos dias, deixaram mais de duas centenas de mortos. Os dois travam uma disputa pelo controle do país.
Agência Efe
Soldados leais a Riek Machar chegam a Juba em abril durante negociações para colocar fim à violência no país
“O presidente falou com Machar… eles falaram sobre controlar suas forças em uma tentativa de salvar o que restava do acordo de paz”, disse o porta-voz de Kiir, Ateny Wek Ateny, em entrevista à emissora Al Jazeera. Já um porta-voz de Machar disse à BBC que os soldados de Machar também declararam cessar-fogo.
De acordo com fontes do Ministério da Saúde do Sudão do Sul, 272 pessoas morreram devido aos confrontos que ocorreram nos últimos dias no país, incluindo civis e soldados da China e de Ruanda, que fazem parte das tropas de paz da ONU.
Novos confrontos
Os confrontos se iniciaram na quinta-feira (07/07) na capital, Juba, depois da morte de cinco militares do Exército, pró-Kiir, por tiros disparados pela guarda pessoal de Machar em um posto de controle.
No domingo (10/07), o Conselho de Segurança da ONU divulgou um comunicado em que condenou a escalada de violência no país, após bases da entidade serem alvo de ataques. Os 15 membros do conselho exigiram que Kirr e Machar fizessem “seu máximo” para controlar suas respectivas forças e interromper os combates. Além disso, pediram que os líderes se comprometessem à implementação “plena e imediata” do acordo de paz, assinado em 2015, incluindo cessar-fogo e o fim do uso de forças militares.
Em nota, o Itamaraty condenou o uso da violência e expressou solidariedade à população sul-sudanesa. Segundo o texto, “o Brasil reitera o repúdio ao recurso à violência como forma de dirimir disputas e conclama as partes envolvidas a absterem-se de novos enfrentamentos e a buscarem solução política por meio do diálogo e em plena adesão ao espírito e aos termos do acordo de paz alcançado em agosto de 2015”.
Briga entre presidente e vice
Localizado na África Ocidental, o Sudão do Sul é a nação mais nova do mundo. O país completou cinco anos de independência do Sudão no último sábado (09/07).
Em fevereiro de 2013, o líder da oposição e vice-presidente, Riek Machar (da etnia nuer), anunciou publicamente sua intenção de desafiar o presidente Kirr (de etnia dinka).
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Quatro meses depois, Machar – que é ex-membro do Exército Popular de Libertação do Sudão – e seu gabinete foram destituídos. A partir daí, o país entrou em uma guerra civil em dezembro do mesmo ano, quando Kiir acusou Machar de planejar um golpe de Estado. Machar negou a acusação, mas montou tropas para se opor ao governo.
Em agosto de 2015, após pressão da comunidade internacional e vários anúncios de cessar-fogo que não foram cumpridos, Salva Kiir assinou um acordo de paz entre seu governo e os combatentes armados no país. Apesar do acordo, conflitos continuaram sendo registrados em diferentes partes do Sudão do Sul.
Agência Efe
Rivais, Salva Kiir e Riek Machar participaram de encontro em abril para implementar acordo de paz no Sudão do Sul
Em fevereiro deste ano, Machar foi reempossado como vice após um decreto assinado por Kiir.
De acordo com a ONU, 2.3 milhões de pessoas deixaram suas casas no Sudão do Sul desde a eclosão da violência no país, em dezembro de 2013. Estima-se que cerca de 631 mil estejam refugiadas nos países vizinhos Etiópia, Quênia, Sudão e Uganda.
O conflito também destruiu parte do aparato de produção de petróleo, única fonte de recursos do país, que está entre os menos desenvolvidos do mundo.