O encontro entre os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, ocorrido nesta segunda-feira (20/03) em Moscou, teve suas primeiras repercussões nos Estados Unidos antes mesmo de acontecer.
Neste domingo (19/03), a reunião foi o tema principal da entrevista concedida ao canal Fox News por John Kirby, assessor de Comunicação Estratégica da Casa Branca e membro do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos.
Segundo o ex-militar, a visita de Xi a Moscou deve ser vista com grande preocupação por Washington, porque “reforça uma união entre dois países que querem reescrever as regras do jogo a nível mundial”.
“Estes são dois países que se irritam com a atual ordem internacional, uma ordem que está baseada em regras que os Estados Unidos e muitos de nossos aliados e parceiros construíram desde o fim da Segunda Guerra Mundial, querem construir uma nova, e o mundo inteiro deveria se preocupar com isso”, comentou Kirby.
O assessor da Casa Branca também falou sobre a possibilidade de que a China apresente uma proposta de acordo de paz para colocar fim à guerra entre Rússia e Ucrânia.
Lisa Ferdinando / Departamento de Defesa dos EUA
Assessor da Casa Branca, Kirby lançou duras críticas à China e à Rússia em entrevista à Fox News
“Já dissemos antes, e vamos repetir quantas vezes forem necessárias: qualquer tipo de pedido de cessar-fogo que venha a sair dessa reunião será inaceitável, qualquer acordo de paz que seja proposto por Moscou ou por Pequim será inaceitável, porque terá como base a ratificação da conquista de território ucraniano por parte da Rússia”, declarou o ex-almirante norte-americano.
Segundo Kirby, a Casa Branca espera que, após o encontro com Putin, “Pequim mantenha as linhas de comunicação abertas com o presidente (Joe) Biden (dos Estados Unidos), e que também entre em contato com o presidente (Volodymyr) Zelensky (da Ucrânia), porque achamos que os chineses precisam ter a perspectiva ucraniana”.
Vale recordar que a China apresentou um plano para resolver o conflito na Ucrânia em fevereiro passado: um documento que contém 12 pontos, incluindo a retomada do diálogo bilateral entre Moscou e Kiev, um cessar-fogo e o levantamento das sanções contra a Rússia.
Ademais, a China poderia formar parte da iniciativa proposta pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, de criar um grupo de países neutros capazes de negociar um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia.
O mandatário brasileiro já disse que considera a China ator fundamental para o sucesso dessa proposta e o tema deve ser um dos pontos da agenda da viagem de Lula a Pequim, na última semana de março.