Vinte e três manifestantes foram detidos hoje (1º) durante protestos na City, o bairro financeiro de Londres. A capital londrina sedia amanhã a reunião de cúpula do G20, grupo que reúne as maiores economias do planeta.
Destes manifestantes, 11 foram presos porque portavam uniformes policiais
para usar durante protestos e o restante, por delitos como perturbação
da ordem pública, posse de drogas, comportamento ameaçador ou atentado
ao pudor.
Vários protestos acompanham a cúpula. No alvo, estão as emissões de carbono, a guerra no Iraque e os banqueiros, acusados de serem os grandes vilões da atualidade, entre outros. Foram convocadas até seis manifestações entre hoje e sexta-feira e todas coincidem na City, símbolo da crise para muitos ativistas.
A organização Climate Camp, que quer conscientizar a sociedade sobre o dano provocado pelas emissões de carbono, convocou um acampamento em massa em Bishopgate, em pleno coração da City. Espera-se que cerca de 2 mil pessoas armem as tendas e que o ato dure pelo menos 24 horas antes que a polícia as expulse. Nos últimos anos, o grupo conseguiu acampar numa pista de decolagem do aeroporto de Heathrow, reclamando da construção da terceira pista, e bloquear a entrada de uma central elétrica que utilizava carvão.
Ontem, eles concluíam os preparativos do acampamento nos estúdios Toynbee, no leste da cidade. No cartaz principal, lia-se: “O mercado de carbono não é uma solução para a mudança climática”.
“Com a reunião do G20, os líderes promovem a sobrevivência de um sistema econômico que provou definitivamente que não funciona e nos leva a um final catastrófico no que diz respeito ao meio ambiente”, diz ao Opera Mundi Joanna Palacios, peruana de 26 anos que mora na Holanda e viajou a Londres especialmente para a cúpula. Ela garante que o protesto tem fins pacíficos.
Outra organização, chamada G20 Meltdown in the City, convocou uma marcha em que os “quatro cavaleiros do Apocalipse” – guerra, mudança climática, crimes financeiros e falta de moradia – saem de quatro estações distintas da City e lideram quatro desfiles que terminam diante do edifício do Banco da Inglaterra.
Já a coalizão Stop the War, criada em 2003 depois da invasão do Iraque por uma coalizão liderada por Estados Unidos e Reino Unido, organizou uma marcha até a embaixada dos Estados Unidos, para pedir o rompimento total do governo britânico com a administração Barack Obama.
Para sexta-feira, coincidindo com a assembleia de acionistas do Royal Bank of Scotland (RBS), o grupo People & Planet protestará diante da sede da instituição bancária em Edimburgo (Escócia) e na City de Londres.
À paisana
Grupos anarquistas ameaçaram agredir banqueiros em mensagens na internet e a polícia pretende evitar incidentes e que os protestos acabem em violência, como aconteceu em reuniões anteriores. Algumas empresas da “milha quadrada”, como o banco de investimento JP Morgan, permanecerão fechadas durante a cúpula. Outras entidades recomendaram aos empregados que não ostentem os trajes habituais e usem roupas comuns para passar despercebidos.
A polícia teme que se repitam incidentes como o ataque à casa do ex-executivo-chefe do RBS Fred Goodwin, e que a insatisfação com a crise potencialize a violência dos manifestantes.
Cerca de 84 mil policiais participam da operação de segurança da cúpula do G20. Nenhum agente tem folga nestes dias. Na operação, que custará 7,5 milhões de libras (quase 25 milhões de reais), colaboram sete órgãos policiais, liderados pela Polícia Metropolitana.
Primeiro as pessoas
Manifestações ocorrem também em outros lugares do mundo. No Rio de Janeiro, a ONG Greenpeace pendurou uma cartaz na Ponte Rio-Niterói pedindo que os líderes mundiais pensem antes de mais nada no meio ambiente e nas pessoas.
O grupo Put People First, organizador da marcha ocorrida no último dia 28, em Londres, que reuniu 35 mil pessoas, elegeu 12 princípios para moldar o Reino Unido pós-crise e, sob o slogan Jobs, Justice, Climate (Empregos, Justiça e Clima), reuniu-os num site. Clique aqui para ver.
Apesar de ainda não haver um número oficial de policiais e manifestantes feridos, jornalistas em Londres relatam ter visto diversas pessoas machucadas pelos confrontos desta tarde, como o repórter do inglês Guardian, Paul Lewis, que atualiza ao vivo seu twitter.
Veja foto dos preparativos dos movimentos sociais para os protestos
NULL
NULL
NULL