No aniversário de 50 anos do golpe de Estado no Chile que derrubou o presidente socialista Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973, o Grupo de Puebla cobra como “reparação histórica” que o governo dos Estados Unidos apresente “desculpas formais” ao povo chileno pela sua intervenção na política do país, que levou à instauração da ditadura de Augusto Pinochet.
“Este reconhecimento seria visto como um ato de responsabilidade global e uma demonstração da vontade autêntica dos Estados Unidos de defender e promover a democracia e os direitos humanos em todo o mundo”, argumentou a organização política internacional.
Para o fórum, é “essencial reconhecer a responsabilidade dos atores internacionais nos acontecimentos que conduziram ao golpe de Estado” no Chile. O comunicado oficial da organização menciona a existência de documentos que revelam a cumplicidade do governo norte-americano na deposição de Allende e sua ignorância admitida contra “as preocupações internacionais sobre graves violações dos direitos humanos”.
Hace 50 años, Chile sufrió un Golpe de Estado orquestado desde afuera. Condenamos la intervención de Estados Unidos y recordamos a las víctimas de esta tragedia. pic.twitter.com/AmwCoebJK0
— Grupo de Puebla (@ProgresaLatam) September 11, 2023
O pedido faz parte da união e apoio que o Grupo de Puebla manifesta na comemoração dos 50 anos do Golpe de Estado militar “que marcou uma ruptura profunda na história do Chile em 1973”.
“Recordamos este trágico episódio com profundo respeito e solidariedade para com as vítimas, suas famílias e o povo chileno, que sofreu as consequências de uma ruptura institucional e social que perdura, como uma cicatriz dolorosa, na memória da América Latina e do mundo”, menciona o texto.
Wikicommons
Palácio de La Moneda, sede presidencial do Chile, tomado pelos militares em 11 de setembro de 1973
Leia a nota na íntegra:
Num ato de justiça histórica e no espírito de verdade, memória e defesa dos direitos humanos, do Grupo Puebla e do Conselho Latino-Americano de Justiça e Democracia (CLAJUD) unimo-nos à comemoração dos 50 anos do Golpe de Estado cívico militar que marcou uma ruptura profunda na história do Chile em 1973. Recordamos este trágico episódio com profundo respeito e solidariedade para com as vítimas, suas famílias e o povo chileno, que sofreu as consequências de uma ruptura institucional e social que perdura, como uma cicatriz dolorosa, na memória da América Latina e do mundo.
Neste contexto, consideramos relevante e necessário expressar a nossa firme convicção de que é essencial reconhecer a responsabilidade dos atores internacionais nos acontecimentos que conduziram ao Golpe de Estado. Documentos desclassificados revelaram a cumplicidade dos Estados Unidos na prevenção da tomada do poder por Salvador Allende, na promoção do Golpe de Estado e na facilitação e sustentação da subsequente ditadura de Augusto Pinochet. O governo norte-americano da época ignorou assim as preocupações internacionais sobre graves violações dos direitos humanos. A sua colaboração implicou o enfraquecimento da economia chilena durante o Governo de Unidade Popular.
Por todas estas razões fazemos um apelo respeitoso mas enérgico às autoridades dos Estados Unidos para que, em coerência com os valores democráticos e o compromisso com os direitos humanos que animaram os pais fundadores do seu país, apresentem desculpas formais ao Estado. do Chile e do seu povo pela intervenção e ações que levaram à queda do presidente Salvador Allende e ao colapso da democracia no Chile. Este reconhecimento teria o carácter de uma reparação histórica, seria visto como um ato de responsabilidade global e uma demonstração da vontade autêntica dos Estados Unidos de defender e promover a democracia e os direitos humanos em todo o mundo.
O Grupo Puebla e o CLAJUD aproveitam esta ocasião solene para reiterar o seu compromisso com a defesa da democracia, dos direitos humanos e da justiça na América Latina e no mundo. Viva o povo livre e democrático do Chile!
Setembro de 2023.
Ernesto Samper, ex-presidente da Colômbia.
José Luis Rodríguez Zapatero, ex-presidente do Governo da Espanha.
Rafael Correa, ex-presidente do Equador
Marco Enríquez-Ominami, ex-candidato presidencial, coordenador do Grupo Puebla, Chile.
Aída García Naranjo, ex-Ministra da Mulher e do Desenvolvimento Social, ex-Embaixadora, Peru.
Carol Proner, jurista do Brasil.
Cecilia Nicolini, Secretária de Mudanças Climáticas, Argentina.
Carlos Sotelo, ex-senador, México.
Mónica Xavier, ex-senadora, ex-presidente da Frente Ampla, Uruguai.
Ana Isabel Prera, ex-Ministra da Cultura, ex-embaixadora, Guatemala.
Esperanza Martínez, Senadora, Paraguai.
Gabriela Rivadeneira, ex-presidente da Assembleia Nacional, Equador.
Carlos Ominami, ex-senador, ex-ministro da Economia do Chile.
Daniel Martínez, ex-candidato presidencial, ex-prefeito de Montevidéu, Uruguai.
Rafael Michelini, ex-senador, vice-presidente socialista internacional, Uruguai.
Ricardo Patiño, ex-chanceler e ex-ministro da Defesa do Equador.
Iván Cepeda, Senador, Colômbia.
María José Pizarro, senadora, Colômbia.
Clara López, senadora, Colômbia.
Camilo Lagos, Presidente da Fundação Progresa, Chile.
Guillaume Long, ex-ministro das Relações Exteriores do Equador.
Jorge Rodríguez, Presidente da Assembleia Nacional da Venezuela.
Karol Cariola, Representante do Chile.
Verónika Mendoza, ex-candidata presidencial, Peru.
Adriana Salvatierra, ex-presidente do Senado, Bolívia.
Baltasar Garzón, jurista – ESPANHA
Juárez Tavares, advogado – BRASIL
Elizabeth Gómez Alcorta, advogada – ARGENTINA
Virgilio Hernández, advogado e político – EQUADOR
Silvina Romano, historiadora e comunicadora social – ARGENTINA
Larissa Ramina, advogada – BRASIL
Gisele Cittadino, jurista – BRASIL
Enrique Santiago, político e advogado – ESPANHA
Gerardo Pisarello, político e jurista – ESPANHA
Gisele Ribocom, advogada – BRASIL