Em resposta às acusações de que tropas russas teriam invadido a Ucrânia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta sexta-feira (29/08) que as forças de segurança ucranianas se comportam como nazistas perante o conflito com os separatistas no leste do país.
“Por mais triste que pareça, isso me faz lembrar os eventos da Segunda Guerra Mundial, quando os invasores alemães nazistas cercavam nossas cidades, como Leningrado, e bombardeavam diretamente as cidades e seus habitantes”, disse Putin, ao falar em um evento direcionado à juventude russa.
Agência Efe
Putin: “Desde o começo da crise somos sempre acusados de ser os culpados de tudo”
Na noite anterior, o presidente norte-americano, Barack Obama, havia acusado Moscou de enviar mais de mil soldados para cruzar a fronteira ucraniana, inflamando propositalmente ainda mais o conflito na reigão — a acusação fez com que reuniões de emergência fossem realizadas entre diversas lideranças mundiais para discutir o assunto. Em resposta, Putin negou todas as acusações e disse que o Exécito ucraniano é o real responsável pela escalada das tensões, acrescentando que os soldados têm como alvo áreas residenciais da cidade.
“Temos ouvido diferentes conjecturas, mas nem somente uma vez nos foram apresentados fatos. Praticmaente desde o começo da crise somos sempre acusados de ser os culpados de tudo”, completou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, em uma entrevista coletiva também no dia de hoje.
NULL
NULL
O chefe do Kremlin disse ainda que russos e ucranianos “são praticamente um só povo”, fazendo menção também à situação da Crimeia, cuja península foi incorporada pela Rússia no início do ano após protestos pela deposição do então presidente ucraniano Viktor Yanukovich e a realização de um referendo separatista. Segundo Putin, o povo da Crimeia só não vive a mesma situação que seus vizinhos de Donetsk e Lugansk, pois a consulta popular garantiu que o território passasse a fazer parte da Rússia.
ONU: 2.593 mortes na Ucrânia
Um relatório sobre violações aos direitos humanos cometidas na região leste da Ucrânia divulgado hoje contabiliza a morte de 2.593 pessoas no conflito.
O documento argumentou que o aumento das hostilidades nas últimas seis semanas, com o uso confirmado de artilharia pesada tanto por grupos rebeldes como das forças do governo em áreas fortemente povoadas, provocou a morte violenta de 36 pessoas por dia.
Este número representa — entre 16 de julho e 17 de agosto — um aumento de 300% em relação as 11 vítimas diárias registradas no mês anterior, explicou o chefe das Américas, Europa e Ásia Central do alto comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Gianni Magazzeni.
Agência Efe
Uso de artilharia pesada no conflito fez violência se intensificar e provou morte de 36 pessoas por dia nas últimas semanas|
Corredor humanitário
Membros do grupo armado separatista que controla a região leste da Ucrânia confirmaram que irão permitir que forças do governo de Kiev deixem, em segurança, a região em que estão cercados.
Ontem, Putin havia pedido que os militantes pró-russos abrissem a passagem para os soldados cercados. “Para evitar vítimas desnecessárias e permitir que saiam da zona de combates para se reunirem com suas famílias, voltarem para suas mães, mulheres e filhos, e prestem atendimento médico aos feridos”, disse Putin, através de um comunicado.
Kiev mais próxima da Otan
Também hoje, o governo da Ucrânia enviou ao Parlamento um projeto de lei para renunciar a seu atual status neutro e recuperar o processo de aproximação com a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, a aliança militar ocidental) iniciado pelo ex-presidente Viktor Yushchenko após a Revolução Laranja de 2004.
Ao comunicar a intenção, o primeiro-ucraniano, Arseni Yatseniuk, destacou que se a lei for aprovada, a Ucrânia não poderá ingressar nas organizações patrocinadas e lideradas por Moscou, como é o caso da União Aduaneira, que, em palavras de Yatseniuk, não é outra coisa que “a União Soviética da Federação da Rússia”.
O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, já veio a público afirmando que a instituição está de portas abertas para a entrada da Ucrânia. “Não vou interferir nas discussões políticas da Ucrânia, mas me permita recordar a decisão tomada pela Otan na cúpula de Bucareste, em 2008, por meio da qual a Ucrânia se tornará um membro da Aliança Atlântica se assim o desejar e cumprir os critérios necessários”, explicou Rasmussen.
(*) Com informações da Agência Efe