Em uma entrevista veiculada neste domingo (19/03) pelo canal estatal russo Rossiya-1, o presidente Vladimir Putin, expressou que “a Rússia nunca buscou um confronto, pelo contrário, desde 2014 nós apostamos fortemente pela saída pacífica e dialogada”.
Segundo Putin, “nós acreditávamos que era possível resolver todos os problemas pacificamente, mas eles [Estados Unidos e União Europeia] simplesmente nos enganaram e o mundo inteiro soube recentemente que esses países não queriam resolver nada pacificamente, ofereceram um acordo falso para ganhar tempo enquanto introduziam armas na Ucrânia”.
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— Людмила Горбачева (@ludmila_vasilg) March 19, 2023
A declaração do mandatário russo faz referência a entrevistas recentes do ex-presidente francês François Hollande e da ex-chanceler alemã Angela Merkel.
Em entrevista realizada em dezembro de 2022 para um canal ucraniano, Hollande contou que “desde 2014, a Ucrânia fortaleceu sua postura militar, e exército ucraniano [de 2022] é completamente diferente daquele de 2014, está melhor treinado e equipado, essa oportunidade ao exército ucraniano foi alcançada graças aos Acordos de Minsk”.
Semanas antes, a ex-mandatária alemã disse que os Acordos de Minsk foram uma artimanha cujo objetivo era ganhar tempo enquanto a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) enviava armas para reforçar as Forças Armadas ucranianas.
Rossiya-1
Putin recordou entrevistas recentes de François Hollande e Angela Merkel, nas quais admitiram que Acordos de Minsk eram uma farsa
Ao menos no papel, os Acordos de Minsk previam um cessar-fogo nas regiões do Leste da Ucrânia [Donetsk e Lugansk], de maioria étnica russa, e a criação de normas para garantir certa autonomia as mesmas.
Tinham esse nome porque foram assinados na capital da Bielorrússia, e tiveram o presidente desse país, Aleksandr Lukashenko, como um dos moderadores [junto com Hollande e Merkel, justamente].
A declaração de Putin foi gravada dias atrás, mas levada ao ar pelo canal russo somente neste domingo, enquanto o presidente visita territórios que pertenciam à Ucrânia.
No sábado (18/03), o mandatário esteve na Crimeia, onde participou de um evento de celebração dos nove anos da reunificação desse território com a Federação Russa, a qual foi resultado de um referendo realizado em 2014 no qual 97% da população escolheu essa opção, enquanto menos de 3% votou por continuar sendo parte da Ucrânia [80% dos eleitores participaram da consulta].
Neste domingo (19/03), Putin visitou a região do Donbas pela primeira vez depois de iniciado o conflito com Kiev. O presidente russo esteve em Mariupol, principal porto da província de Donetsk.