As forças rebeldes líbias avançaram neste sábado (05/02) rumo a Sirte, cidade natal do coronel Muamar Kadafi, enquanto as forças leais ao governo líbio intensificaram o cerco na localidade rebelde de Zawiya, a 92 quilômetros da capital. Nesta localidade, mais de 200 pessoas teriam morrido, segundo fontes médicas.
As cidades de Al Agila, Ras Lanuf e Ben Jawad, esta última a 160 quilômetros ao leste de Sirte, caíram sob controle rebelde nos últimos dias, depois que as tropas do governo lançaram, na última quarta-feira passada, uma ofensiva sem sucesso contra o enclave petroleiro de Brega, em mãos da oposição.
Após repelir o ataque de Kadafi, em apenas três dias, os rebeldes conseguiram avançar 180 quilômetros ao longo da costa mediterrânea. Segundo o responsável pela informação do lado rebelde, Mohamed Salem Mussa, desde então, os milicianos que avançam desorganizados, mas com grande determinação, sofreram pelo menos 24 baixas.
Mussa também informou que, em quartel das tropas governistas de Ras Lanuf, importante cidade petrolífera reivindicada pelos dois lados desde sexta-feira, foram encontrados corpos de 50 uniformizados amarrados e com marcas de tiros nas últimas horas. Aparentemente, teriam sido executados. “Foram assassinados por não quererem enfrentar as forças revolucionárias”, assegurou o rebelde.
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O avanço rebelde no leste contrasta com a feroz ofensiva das forças leais a Kadafi em Zawiya. Os carros de combate dispararam contra vários edifícios, segundo a televisão Al Jazeera.
De acordo com o canal, na ofensiva na qual intervieram 25 carros de combate morreram mais de 200 pessoas, informaram fontes médicas à rede, e muitas ficaram feridas nos enfrentamentos dos dois últimos dias.
A coluna de 35 veículos de combate que saiu neste sábado de Trípoli aplicou sobre os habitantes na cidade todo seu poder ofensivo e o número de mortos disparou, segundo um dos médicos contatado por telefone pelo canal.
Um dos oficiais das brigadas de Kadafi declarou à rede de televisão que os sitiados “não têm saída”, o que aumenta o temor pela vida dos milicianos que estão na praça dos Mártires.
Os relatos dos moradores contatados por telefone e pelos próprios médicos mostram que desde a manhã deste sábado, quando começou a ofensiva, houve execuções dos feridos nas ruas.
Com os ataques de artilharia e morteiros, os sitiados sofrem inúmeras baixas e as gravações obtidas por habitantes e mostradas nas redes televisões árabes ilustram um cenário dantesco.
No entanto, o jornalista Lotfi Mohammed, disse à Al Jazeera que cerca de 25 tanques entraram na cidade, mas não puderam prosseguir, pois foram rechaçados pelos milicianos e tiveram que se retirar deixando para trás quatro blindados.
Conselho
Enquanto os enfrentamentos prosseguem, em Benghazi foi constituído o Conselho Nacional provisório de transição, anunciado no último dia 27 de fevereiro e que é integrado, em sua maioria, por representantes de cidades do oeste do país.
De acordo com o integrante da Coalizão da Revolução de 17 de fevereiro, Mohammed al Mogerbi, Abdel-Rahman Salqan será o responsável pelas Relações Exteriores do conselho e Omar Hariri dirigirá o conselho militar, formado na última segunda-feira (28/02).
Por sua parte, o membro da Coalizão da Revolução de 17 de Fevereiro, Issam Geriani, indicou que apenas oito nomes de integrantes do Conselho Nacional serão públicos.
Geriani indicou que os demais permanecerão em segredo por motivos de segurança, já que, segundo ele, nos últimos dias, mil opositores ao regime líbio foram detidos em Trípoli, principal reduto do líder líbio.
Este Conselho Nacional é dirigido pelo ex-ministro da Justiça Mustafa Abdulyalil e seu porta-voz e vice-presidente é Abdelhafiz Ghoga, que também ocupa o cargo de porta-voz da coalizão da revolução, encarregada de coordenar os conselhos locais das cidades controladas pelos rebeldes.
O órgão, que já anunciou que solicitaria ajuda internacional para lançar ataques aéreos específicos contra as forças de Kadafi, manteve neste sábado sua primeira reunião para tentar avançar no plano político rumo à formação de um governo alternativo ao de Kadafi e que seja reconhecido internacionalmente.
Personagem
Abdel Salam al Feituni, treinador físico, conta que seu irmão Ashraf, de 48 anos, e dois sobrinhos, Ahmad, de 19 anos, e Salah, de 25, se uniram desde quarta-feira às milícias rebeldes em Ajdabiya, onde receberam treinamento militar durante dois dias.
“Eu mesmo os levei até Ajdabiya onde se uniram aos revolucionários”, diz Al Feituni, campeão nacional de levantamento de peso e que, há 14 dias, se encarrega de dividir ajuda econômica, médica e alimentos entre os mais pobres e os hospitais da cidade.
O atleta garante que seu irmão e seus sobrinhos já se encontram em Ben Jawad e ressalta que, em breve, chegarão a Sirte, onde são enfrentarão a Brigada Khamis, criada pelo filho de Kadafi, Khamis Muamar. “Sabemos que ocorrerão muitos mortes, mas não nos preocupamos, é normal”, diz sem nenhuma alteração.
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