O porta-voz presidencial russo Dmitry Peskov declarou nesta segunda-feira (14/02) que as relações entre Estados Unidos e Rússia estão em um nível baixo, apesar da existência de canais de comunicação entre os países, algo que não existia há dois anos.
“Os líderes dos países estão em diálogo, também se desenvolve o diálogo em outras direções. É um ponto positivo. É um ponto positivo porque apenas dois anos atrás esse mesmo diálogo não existia, não havia nenhum contato. Mas, fora isso, infelizmente, no resto as relações bilaterais são só negativas. Estamos em um ponto muito, muito baixo. Praticamente no chão”, disse o porta-voz.
Peskov ressaltou que a Rússia vai insistir que suas ideias a respeito das garantias de segurança na crise da fronteira com a Ucrânia não sejam ignoradas. A escalada de tensão na região voltou a subir no final de 2021, com a movimentação de tropas de ambos os lados, e piorou após o fim de semana, quando os Estados Unidos voltaram a reiterar que os russos farão um ataque a qualquer momento e os países ocidentais começaram a orientar seus cidadãos a deixarem a Ucrânia o mais rápido possível.
Na ocasião, o Kremlin voltou a reiterar que não vai atacar o país vizinho e que as acusações não passam de “histeria e alarmismo”. Nesta segunda, o porta-voz russo afirmou que seu país está se preparando para o pior, mas espera o melhor.
“Em termos de questões conceituais para nós, os norte-americanos estão ignorando nossas preocupações sobre garantias de segurança”, disse o representante russo, afirmando que apesar da ausência de otimismo, ainda há esperança.
Moscou não está disposta a converter o diálogo com os EUA e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) sobre a segurança estratégica em um regime de negociações por muitos anos, assinalando que espera que os canais de comunicação existentes com o país norte-americano permitam encontrar uma solução.
“Por isso, contamos que esses escassos canais de diálogo nos permitam, não obstante, achar alguma reciprocidade nos nossos oponentes e o desejo de encontrar soluções. Não para cumprir uma formalidade, mas que realmente signifique a consideração de nossos interesses”.
Presidential Executive Office of Russia
Apesar de haver canais de comunicação entre Rússia e EUA, relações bilaterais são negativas
Na ocasião, Peskov defendeu ainda que a possível recusa da Ucrânia de ingressar na OTAN é um passo que contribuiria significativamente para formular uma resposta mais significativa às preocupações russas”, disse a repórteres.
No final do ano passado, Moscou apresentou um documento com propostas de garantias de segurança à OTAN e aos EUA, sugerindo limites para o posicionamento de tropas e equipamentos militares nas fronteiras, além de sugerir que o bloco deixe de se expandir para perto das fronteiras russas. Porém, até agora as negociações não tiveram resultados.
Ainda na manhã do último sábado (12/02), o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, conversou por telefone com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.
“Como observou o ministro das Relações Exteriores da Rússia, a resposta de Washington e Bruxelas relativamente aos projetos de tratado russo-americano e ao acordo com a OTAN sobre garantias de segurança ignora os aspectos fundamentais para nós, nomeadamente sobre a não expansão da aliança e não implantação de sistemas de armamentos ofensivos perto das fronteiras russas”, disse a chancelaria russa após o telefonema.
No mesmo dia, p presidente russo Vladimir Putin disse ao mandatário norte-americano Joe Biden que Moscou “não entende” o porquê de os EUA estarem fornecendo à mídia informações deliberadamente falsas sobre supostos planos russos de “invadir” a Ucrânia. A Casa Branca por sua vez divulgou que Biden teria dito a Putin que o russo “pagaria caro” caso invadisse a Ucrânia.
(*) Com Sputnik News.