A Comissão do Conselho dos Direitos Humanos da ONU acusa Tel Aviv de ser, em grande parte, responsável pela instabilidade na região, instaurando o que considerou como uma “ocupação perpétua”, dos territórios palestinos. O governo israelense denuncia um relatório “parcial”, redigido por um militante anti-Israel.
“As causas profundas do conflito apontam, em sua imensa maioria, para Israel”, diz a presidente da comissão de investigação, Navi Pillay, que cita “a sensação de impunidade” envolvendo as ações do país. Ela acusou Israel de “não ter a intenção de colocar fim à ocupação dos territórios por Israel”, como preconizam as resoluções do Conselho de Segurança. “Isso é essencial para colocar um fim à violência na região”, diz o relatório.
Israel, que se recusou a cooperar com a comissão, considerou “que o relatório é parcial e tendencioso, desqualificado por seu ódio ao Estado de Israel e baseado em informações parciais e segmentadas”, segundo uma nota de seu Ministério de Relações Exteriores.
“O que se transformou em uma situação de ocupação permanente foi citada pelas partes interessadas palestinas e israelenses como uma das raízes das tensões recorrentes, da instabilidade e da prorrogação de um conflito tanto nos territórios palestinos ocupados, incluindo Jerusalém Oriental, como em Israel”, continua o texto.
O relatório especifica que o documento foi entregue antes de sua publicação para as autoridades palestinas e israelenses. O texto reforça o que já foi dito no passado, mas demonstra a determinação do Conselho de Direitos Humanos em retomar a discussão sobre o conflito entre Israel e Palestina, que saiu dos holofotes da agenda diplomática nos últimos anos.
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Comissão da ONU acusou Israel de instaurar o que considerou uma "ocupação perpétua", de territórios palestinos
Recomendações foram ignoradas, diz ONU
Depois de anos de indiferença, Israel, que não respondeu às perguntas da comissão, acusa o órgão da ONU de “implicância.” O país é o único que integra sistematicamente a pauta em todas as sessões do Conselho, alega.
A investigação, diz o governo israelense, “ignora as verdadeiras razões que levaram Israel a defender os cidadãos contra as organizações terroristas que cometem um duplo crime de guerra: atirar em civis israelenses a partir de áreas civis em Gaza.”
A comissão foi criada após a guerra de onze dias entre Israel e Hamas, em maio de 2021, quando 260 palestinos foram mortos por ataques israelenses em Gaza, segundo as autoridades locais. Em Israel, os tiros de foguete de Gaza deixaram 13 mortos. A comissão revisou as recomendações e resoluções existentes, mais frisou que faria sua própria investigação.
A representante do Conselho estima que as recomendações, no passado, “foram ignoradas, incluindo aquelas que pedem que Israel preste contas pela violação do direito humanitário e humanos, assim como os tiros de foguete contra grupos armados palestinos”, declarou.
Manifestação
Para denunciar a publicação, cerca de vinte estudantes e reservistas do exército israelense se manifestaram nesta terça-feira 907/06) em frente à sede das Nações Unidas em Genebra. Alguns se disfarçaram de membros do movimento armado palestino Hamas, com o rosto coberto por capuzes pretos e uniformes militares. “Nós matamos civis e a ONU nos protege”, gritavam, enquanto outros usavam máscaras com o rosto do líder do Hamas na Faixa de Gaza, Yahya Sinwar.