Atualizado às 14h45
Os resultados finais da eleição legislativa italiana anunciados nesta terça-feira (26/02) pelo Ministério do Interior provocaram uma reação negativa das bolsas europeias e também no mundo. A vitória apertada da coligação de centro-esquerda na Câmara dos Deputados combinada com o triunfo da direita no Senado criou, na visão dos mercados, uma imagem de incerteza política ao país, que atravessa grave crise em razão do estouro de sua dívida soberana.
Agência Efe (26/02/13)
Bolsa de Tóquio, no Japão, fechou em queda nesta terça-feira. Crise política na Itália é apontada como um dos fatores responsáveis
O resultado já teve um impacto negativo no fechamento das principais bolsas de valores europeias. O mais sentido foi na bolsa de Milão, onde o índice seletivo FTSE MIB fechou esta terça-feira com queda de 4,89%, até os 15.552,20 pontos. Já o índice geral FTSE Itália All-Share desceu 4,63%, até os 16.507,18 pontos.
Na Alemanha, o índice DAX-30, principal indicador da bolsa de Frankfurt, terminou o dia com queda de 2,27%. Os maus resultados também se seguiram em Londres, onde o FTSE-100 registrou baixa de 1,34%. O Ibex-35, de Madri, foi ainda pior: abriu com queda de 3,20%, seguida de perto do CAC-40, de Paris, com 2,67%.
A eleição italiana também foi sentida na Ásia. A Bolsa de Tóquio fechou com perda de 2,26% e o euro também abriu em baixa, a US$ 1,3043, frente aos US$ 1,3196 da sessão anterior. Outras quedas foram registradas nas bolsas de Bangcoc, Kuala Lumpur, Cingapura, Hoong Kong, Xangai e Seul.
NULL
NULL
De acordo com o Ministério do Interior, a vitória na Câmara dos Deputados ficou com o PD (Partido Democrático), que principal legenda de coligação de centro-esquerda liderada por Pier Luigi Bersani, com 29,54% dos votos (e 340 assentos – número garantido pela legislação italiana), seguido muito de perto pela aliança de direita e Centro-direita PdL (Povo da Liberdade), cujo prncipal expoente é o ex-premiê Silvio Berlusconi, com 29,18% (124 vagas). O Movimento 5 Estrelas, de tendência antisistema criado pelo comediante Beppe Grillo, foi a grande surpresa, em terceiro lugar, com 25,55% dos votos, ou 108 deputados, seguido por uma coligação de centro em torno da figura do tecnocrata Mario Monti, que comandou o país nos últimos meses baseado na doutrina de austeridade fiscal, com apenas 10,54% dos votos (equivalente a 45 cadeiras).
No entanto, é no Senado que o impasse fica evidente: a centro-esquerda conquistou com 31,63% dos votos (120 assentos), contra 117 cadeiras para a direita, que recebeu 30,71% da preferência. O Movimento 5 Estrelas ficou com 54 senadores, ante os 18 favoráveis a Monti.
O controle de ambas as Casas do Parlamento é necessário para garantir a governabilidade e aprovação de reformas. Segundo as regras da república italiana, o Senado tem o mesmo peso da Câmara baixa.
Resta saber se Bersani conseguirá se aliar a Grillo. Caso contrário, o país enfrentará uma crise de governabilidade, já que alianças do PD com Monti ou Berlusconi são consideradas muito pouco prováveis.