Presentes em Auschwitz para lembrar o 70º aniversário da libertação do maior campo de concentração nazista, cerca de 300 sobreviventes do genocídio, que vitimou mais de um milhão de judeus, ciganos, homossexuais e eslavos, se reuniram na Polônia para pedir que o horror vivenciado naquele espaço não volte a se repetir no mundo.
“Lembrar sim, mas também educar as futuras gerações para que entendam o que aconteceu quando se permitiu que o ódio se apoderasse de tudo. É preciso ensinar tolerância e entendimento, tanto em casa como no colégio”, pediu o sobrevivente norte-americano Roman Kent.
Agência Efe
Sobreviventes judeus homenageiam as mais de um milhão de vítimas de Auschwitz
“Um minuto em Auschwitz era como um dia inteiro, e um dia como uma semana, e uma semana como um mês. Uma eternidade de horror”, disse Kent ao descrever como era a vida no campo.
Estiveram presentes na cerimônia os presidentes de França, François Hollande; Alemanha, Joachim Gauk, e Ucrânia, Petro Poroshenko, bem como, o chefe de Estado polonês, Bronislaw Komorowski. O presidente russo, Vladimir Putin, não compareceu ao evento e lamentou que a Polônia não tenha o convidado, apesar de terem sido as tropas soviéticas as que libertaram o campo de extermínio.
Delegações de cerca de 50 países estiveram representadas na cerimônia. Sobreviventes e os demais participantes finalizaram o ato acendendo velas perante o monumento às vítimas do campo.
Não repetição
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que “preservar a memória do Holocausto hoje é mais importante que nunca”. “Vivemos em uma era de antissemitismo emergente e violento”, disse ele, justificando ainda que sua “função como primeiro-ministro de Israel é que não haja outra ameaça de destruição sobre Israel… Que não haja necessidade de criar outros monumentos comemorativos como Yad Vashem”.
Já Komorowski lembrou que a Polônia se transformou na “depositária da memória de Auschwitz-Birkenau e do Holocausto”, ambos símbolos do “genocídio totalitário”, e pediu ao mundo que se esforce para evitar que uma tragédia assim possa repetir-se.
Putin, por sua vez, lembrou, em discurso realizado no Museu Judaico e Centro da Tolerância de Moscou, que “o fim dessa monstruosidade e implacável barbárie nazista foi possível graças ao Exército Vermelho, que salvou do extermínio não só os judeus, mas também outros povos da Europa e do mundo”. E mencionou a Ucrânia: “certamente todos sabemos quão perigosos e destrutivos são os dois pesos e duas medidas, a indiferença com o destino alheio, como, por exemplo, no caso da atual tragédia no leste da Ucrânia, onde durante meses disparam a sangue frio contra a população civil”, disse Putin.
Agência Efe
Sobreviventes judeus homenageiam as mais de um milhão de vítimas de Auschwitz
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, defendeu a “obrigação” de condenar e lutar contra o “crescente” antissemitismo, incluindo a negação do Holocausto. “Honrar as vítimas e os sobreviventes significa reconhecer o valor e a dignidade de cada pessoa, e isso exige coragem para proteger os perseguidos e denunciar a intolerância e o ódio”, afirmou em um comunicado divulgado pela Casa Branca.
História
Em 27 de janeiro de 1945, o Exército soviético abriu as portas do campo de concentração Auschwitz-Birkenau, palco da chamada “Solução Final”, eufemismo com o qual os nazistas se referiam ao genocídio judeu.
Ali os soviéticos encontraram mais de um milhão de ternos e vestidos e cerca de oito toneladas de cabelo humano que os nazistas aproveitavam junto com outras partes dos corpos de suas vítimas.
Estima-se que mais de um milhão de pessoas, em sua maioria judeus, morreram em Auschwitz e no campo anexo, Birkenau, devido às surras, as câmaras de gás, à fome, ao esgotamento físico e às doenças.
Hoje, Auschwitz-Birkenau é patrimônio da Humanidade da Unesco e um museu-memorial de 200 hectares visitado a cada ano por mais de um milhão de pessoas, principalmente jovens, que mantêm um grande silêncio quando entram no campo deixando para trás o letreiro “Arbeit macht frei” (“O trabalho liberta”).