O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, discursou nesta quarta-feira (20/09) na reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que tratou da atualidade da guerra entre o seu país e a Ucrânia.
No início do seu discurso, Lavrov acusou os Estados Unidos de “se proclamarem capazes de decidir o destino ‘de toda a humanidade’”. Em seguida, afirmou que os países da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) apoiam essa postura norte-americana.
“Hoje, o Ocidente submete o mundo, seletivamente, a normas e princípios estatutários que estão baseados unicamente em suas necessidades geopolíticas egoístas”, observou.
Segundo o chanceler russo, “isso tende a conduzir, inevitavelmente, a uma deterioração da estabilidade global, à exacerbação das fontes de tensão existentes e ao fomento de novos conflitos”.
“Diante desse cenário, o risco de um conflito global também vai aumentando”, alertou Lavrov, no momento mais eloquente do seu discurso.
Entretanto, o funcionário do Kremlin afirmou que seu país “tem atuado com o objetivo de direcionar os eventos em uma direção pacífica”.
TASS
Lavrov fez seu discurso durante reunião do Conselho de Segurança da ONU
“A Rússia insistiu e insiste que todas as disposições da Carta das Nações Unidas devem ser respeitadas e aplicadas, não seletivamente, mas em sua totalidade e em interconexão, incluindo os princípios de igualdade, soberania dos Estados, a não ingerência nos seus assuntos internos, o respeito pela integridade territorial e o direito dos povos à autodeterminação”, explicou.
Lavrov também acusou a OTAN de ser “responsável pelo colapso da Ucrânia”, ao lembrar das recentes declarações de ex-chefes de Estado europeus, como Angela Merkel (Alemanha) e François Hollande (França), admitindo que os Acordos de Minsk, que buscavam instalar a paz nas regiões de Donetsk e Lugansk, foram uma farsa.
“Desde o fim da União Soviética, os Estados Unidos e seus aliados têm interferido abertamente nos assuntos internos da Ucrânia. A outrora vice-secretária de Estado norte-americana, Victoria Nuland, admitiu publicamente, e até com orgulho, no final de 2013, que Washington gastou 5 bilhões de dólares para apoiar políticos pró-Ocidente em Kiev. Todos os fatos que envolveram a engenharia da crise ucraniana são conhecidos há muito tempo, mas existe uma tentativa de ocultá-los e contar a história só a partir de fevereiro de 2022, e não desde 2014”, reforçou Lavrov.
Ao finalizar, o chanceler russo assegurou que “Moscou não se recusa a negociar” a paz com a Ucrânia, e que “foi o próprio presidente ucraniano (Volodymyr Zelensky) quem assinou um decreto que proíbe o diálogo com o governo do presidente russo, Vladimir Putin”.
“Se os Estados Unidos estão tão interessados na paz, creio que não será difícil dar a ordem para cancelar que Zelensky cancele esse decreto”, ironizou Lavrov.