As recentes declarações dos presidentes de Cuba e Venezuela, manifestando o interesse de seus países em ingressar no Brics (bloco econômico integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), foi bem recebida por Moscou, que as considerou como “um sinal do crescente prestígio da organização”.
O autor dessa definição foi Aleksandr Schetinin, diretor para a América Latina do Ministério de Relações Exteriores da Rússia.
Em entrevista para a Sputnik News, o funcionário diplomático russo se referiu mais especificamente ao caso venezuelano. Na segunda-feira (29/05), o presidente desse país, Nicolás Maduro, em coletiva conjunta com seu homólogo brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, disse que apresentará sua candidatura porque “acreditamos que podemos acompanhar os outros cinco países [do Brics] e porque acreditamos na construção de uma nova arquitetura geopolítica mundial”.
“O Brics se tornaram um grande ímã para os países que querem um mundo melhor, que buscam romper com uma hegemonia que não tem sido justa com todos os povos deste nosso planeta”, acrescentou Maduro.
Para Schetinin, a solicitação venezuelana “reflete o tamanho que o Brics estão adquirindo no atual ambiente internacional, através de sua visão sobre os acontecimentos e sua proposta de uma relação em base a um tratamento de igual para igual, sem sanções nem pressões”.
Quando Maduro admitiu seu interesse no Brics, na coletiva com Lula, ouviu do homólogo brasileiro que seu pedido, caso formalizado, seria levado à próxima cúpula do Brics, que acontecerá em agosto, na África do Sul.
Marcelo Camargo / Agência Brasil
Próxima cúpula dos BRICS, programada para agosto, deve analisar ao menos 19 pedidos de países que pretendem ingressar no bloco
“Nós temos diversas solicitações de países querendo ser parte [do bloco] e vamos analisar todas elas. Mas a aceitação não depende só do Brasil, se dependesse só de mim eu já digo aqui que sou favorável, mas também é preciso ter o aval dos demais membros”, acrescentou Lula.
Além de Maduro, outro presidente que mostrou seu interesse em ser parte do Brics foi o cubano Miguel Díaz-Canel. Em entrevista para o canal russo RT, ele disse que “ao defender o multilateralismo, os BRICS estão dando a possibilidade de uma ordem econômica internacional mais justa, que vai quebrar a hegemonia imperial dos Estados Unidos, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial”.
“Talvez seja difícil que um país como Cuba possa ingressar e sei que há muitas outras candidaturas, mas nós queremos ao menos aumentar nossa cooperação com o bloco como um todo, com todos os seus membros e com suas instituições, como o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD)”, comentou Díaz-Canel, que finalizou mencionando o órgão presidido pela brasileira Dilma Rousseff.
Nem Cuba nem Venezuela apresentaram pedidos formais para ingressar aos BRICS, embora o caso venezuelano pareça ser questão de tempo. Segundo a agência Bloomberg, a lista de espera oficial para ingressar no bloco inclui 19 candidatos, entre os quais estão Arábia Saudita, Argélia, Argentina, Bielorrússia, Cazaquistão, Egito, Indonésia, Irã, México, Nigéria, Senegal, Síria e Turquia, entre outros.
Assim como Lula, Schetinin afirmou que todos os pedidos serão avaliados na cúpula do bloco a ser realizada em agosto. O diplomata russo também frisou que “dependendo de quantos e de quais países forem aceitos, a reunião também deverá discutir um modelo de cooperação ampliado, para adequar a todos os novos integrantes”.