Em mais um passo que pode ser considerado um afastamento gradativo do alinhamento da Rússia com o governo da Síria, Mikhail Bogdanov, um dos vice-ministros de Relações Exteriores russo, enviou nesta sexta-feira (28/12) um convite ao líder da Coalizão Nacional Síria, Moaz el Jatib, para participar em negociações sobre uma solução para o conflito sírio.
O representante do governo russo afirmou que o encontro pode acontecer em Moscou ou fora da Rússia, em cidades como Genebra, na Suíça ou Cairo, no Egito. Segundo Bogdanov, Jatib recebeu a proposta.
Agência Efe (28/12/12)
O ministro de Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov (à direita), abre mais espaço para diálogo com a oposição síria
O convite ocorre um dia após o encontro entre o chanceler Serguei Lavrov com seu colega sírio, Faisal Makhdad. Lavrov afirmou que estimula o governo sírio a dialogar com as forças de oposição para solucionar o confronto armado que devasta o país há 22 meses e causou mais de 40 mil mortes.
Na reunião, alertou sobre a necessidade urgente de finalizar o conflito. “Estimulamos ativamente, como fazemos há meses, o regime sírio a fazer o que for possível para concretizar as intenções de dialogar com a oposição”, declarou o chanceler durante entrevista coletiva.
Mais cedo, em uma entrevista à agência de notícias russa Interfax, Lavrov chamou o impasse sírio de “caos sangrento” e advertiu que uma solução pacífica deve ser tomada urgentemente. Para ele, quanto mais tempo durar o conflito no país, mais grave se tornará a situação para todo o mundo.
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O ministro das Relações Exteriores russo acredita que as chances de se chegar a uma decisão sobre o conflito até o dia 30 de junho, quando acontecerá uma reunião do grupo de ação sobre a Síria em Genebra, na Suíça, são mínimas. No encontro previsto para o meio do ano que vem, deverá ser criado um documento sobre o passos para a criação de um eventual governo de transição na Síria.
“Mas a possibilidade ainda existe e é preciso lutar por isso”, afirmou sem se pronunciar sobre uma possível saída do poder do presidente Bashar al Assad. A saída da família Assad no poder é a única pré-condição imposta pelos rebeldes para o fim dos conflitos.
O emissário internacional da ONU e da Liga Árabe para a crise na Síria, Lakhdar Brahimi, chegará no sábado a Moscou. Segundo Lavrov, essa reunião permitirá “uma visão de conjunto com pontos de vista das duas partes”. Brahimi está em Damasco desde o início da semana, onde se reuniu com Al Assad, fez contatos com a oposição e propôs um novo governo de transição até a realização de novas eleições.
“É necessário formar um governo que tenha poderes plenos. Ou seja, um governo que realmente assumirá o poder durante o período de transição. Este período transitório terminará com as eleições que poderão ser presidenciais, caso haja um acordo para conservar o regime presidencial atual, ou parlamentar, caso este acordo estabeleça uma mudança para o regime parlamentar”, disse Brahimi à imprensa nesta quinta-feira (27).
Desde o início do conflito, a Rússia bloqueou, ao lado da China, todos os projetos de resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que condenavam o regime de Al Assad e abriam caminho para a aplicação de sanções ou, inclusive, o recurso da força. Ao lado do Irã, é considerada a principal aliada ne Al Assad na comunidade internacional. Recentemente, começou a dar declarações mais favoráveis à oposição, chegando a dizer que o conflito armado “não terá vencedores”.