Estados Unidos e Rússia chegaram na noite desta sexta-feira (09/09) a um acordo para tentar suspender, de novo, as hostilidades na Síria. A interrupção dos combates começa no próximo dia 12 e compreende a paralisação de todas as operações de combate, incluindo os bombardeios aéreos.
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, anunciou que, após um período de sete dias de respeito da trégua os dois países prepararão ataques coordenados contra posições dos grupos Frente Al Nusra e Estado Islâmico.
Paralelamente, a ajuda humanitária deverá começar a entrar de forma regular no país, o que junto com a redução da violência foi uma condição para que a oposição síria se reincorpore às negociações de paz chanceladas pela ONU.
Aleppo
Foi mencionado, em particular, o caso de Aleppo e o compromisso de que “todas as partes combatentes” terão que se retirar da estrada de Castello, uma das principais vias de acesso à cidade e em torno da qual será criada uma zona desmilitarizada, permitindo a retomada do tráfego de civis e a passagem de ajuda humanitária.
Kerry descreveu o resultado de meses de negociações entre equipes militares e diplomáticas dos dois países como um plano que pode se transformar em “um ponto de inflexão” para a Síria, após cinco anos e meio de guerra civil que gerou 400 mil mortes.
Agência Efe
Lavrov e Kerry entraram em acordo sobre fim das hostilidades na Síria
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O secretário de Estado afirmou que este acordo é o de maior alcance já feito para o país do Oriente Médio. “Estamos anunciando um acerto capaz de ser mantido, mas isso dependerá das decisões que forem tomadas tanto pelo regime como pela oposição para respeitar suas obrigações”, declarou Kerry à imprensa após o fim das negociações com o chanceler russo Sergei Lavrov.
“Assim que este acordo estiver plenamente em vigor, o regime não poderá fazer no futuro o que fez no passado, ou seja, ir atrás da Al Nusra, o que é legítimo, mas na realidade é atacar a oposição moderada”, disse Kerry. Para os EUA, esse aspecto é “a pedra fundamental” do acordo, já que os ataques das forças governamentais foram “as violações mais frequentes” da trégua estipulada no final de fevereiro e e que só se manteve por algumas semanas.
Centro de supervisão conjunta
Também em pronunciamento à imprensa, Lavrov explicou que, sete dias depois da entrada em vigor da trégua, seu país e os EUA iniciarão um centro de supervisão conjunta e começarão a compartilhar informações de inteligência.
Uma das funções principais desse centro será “delinear e separar” as áreas onde está a Frente Al Nusra das que são ocupadas pelos grupos rebeldes sírios considerados moderados e que em algumas ocasiões foi praticamente impossível de serem diferenciadas.
Kerry esclareceu que a decisão de atacar a Al Nusra “não é uma concessão a ninguém, mas está nos interesses dos EUA acabar com as organizações filiadas à Al Qaeda na Síria”. Ele ressaltou que isto não deve ser feito de forma indiscriminada, mas “estratégica, precisa e inteligente”.
A partir da próxima segunda-feira (12/09), deve começar o prazo inicial de sete dias de paralisação das hostilidades para mostrar e não será será permitida nenhuma tentativa de ganhar ou recuperar territórios. Segundo Kerry, os grupos opositores manifestaram sua intenção de se ajustarem ao acordo alcançado em Genebra.
Por sua vez, o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, parabenizou o acerto e disse que, se este for respeitado e a ajuda humanitária começar a chegar onde ela é necessária, as negociações políticas poderão ser retomadas.
“A ONU está pronta para entregar a ajuda e fazer todo o possível para apoiar a cessação das hostilidades”, disse.