Quarta-feira, 16 de julho de 2025
APOIE
Menu

Como forma de “contrariar a hegemonia do ‘Ocidente coletivo’ e o conceito de segurança que impõem”, a Rússia retirou-se formalmente, nesta terça-feira (07/11), do Tratado das Forças Armadas Convencionais na Europa (CFE), pacto que visava estabelecer um equilíbrio entre as alianças militares da antiga União Soviética e Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

“Às 00h00 do dia 7 de novembro de 2023, foi concluído o procedimento de retirada da Rússia do CFC, que foi suspenso pelo nosso país em 2007. Portanto, o documento legal internacional finalmente se tornou história para nós”, anunciou o Ministério das Relações Exteriores do país.

A decisão decorre após o presidente russo Vladimir Putin assinar a lei de denúncia do Tratado CFE, o Conselho da Federação Russa (Câmara Alta do Parlamento) e a Duma do Estado (Câmara Baixa) aprová-la.

Receba em primeira mão as notícias e análises de Opera Mundi no seu WhatsApp!
Inscreva-se

O CFE, foi originalmente assinado em 1990 pelos então membros da Otan e Estados do Tratado de Varsóvia, 3 entrou em vigor em 1992. O pacto visava estabelecer um equilíbrio entre as duas alianças militares, estabelecendo limites às quantidades de armas e equipamento militar que todas as partes poderiam acumular.

Assim, a Rússia reconhece que durante o período de vigência do tratado, “foram celebrados acordos importantes sobre questões fundamentais do desarmamento e do controle de armas”, que apesar de “não terem resistido ao tempo, tiveram um papel estabilizador” no contexto da Guerra Fria.

No entanto, a saída do país do CFE decorre de mudanças “que deixaram de satisfazer os interesses da Rússia” quando os Estados Unidos “confiantes da sua “vitória” na Guerra Fria, lançaram o processo de expansão da Otan”, resultando em países que “começaram a contornar abertamente as restrições do Tratado”. 

“O Tratado CFE na sua forma original perdeu contato com a realidade e a Rússia começou a esforçar-se para adaptá-lo à nova situação”, mas sem sucesso, completou a chancelaria. 

Diante desse contexto, a Rússia suspendeu o Tratado em 2007, mas deixando “porta aberta ao diálogo sobre formas de restaurar a viabilidade do controle de armas convencionais na Europa”. No entanto, os países ocidentais “não aproveitaram esta oportunidade e preferiram continuar a construir a sua política sem cooperação e com base ‘anti-russa'”. 

Incitação de conflito na Ucrânia e adesão da Finlândia à Otan são provas da não-cooperação ocidental em acordo que visa estabelecer equilíbrio militar, afirma chancelaria

Ministério das Relações Exteriores da Rússia

Anúncio da saída russa do CFE foi feito pela chancelaria do país

Prova disso, segundo a chancelaria é a incitação que os países da Otan fazem no conflito na Ucrânia, “bem como a admissão da Finlândia à aliança e a consideração em curso de um pedido semelhante da Suécia”. 

O Ministério sublinhou ainda que os governos dos Estados membros da aliança ocidental demonstraram a “total incapacidade para chegar a acordos”.

Com o anúncio, outros dois outros acordos relacionados com o CFE deixam de ser válidos para a Rússia: o Memorando de Budapeste de 3 de Novembro de 1990, que estabelecia níveis máximos de armas e equipamentos convencionais para os seis países do Pacto de Varsóvia, e o Acordo de Flanco de 31 de Maio de 1996, que modificou o tratado original, de 1990.

“O primeiro foi concluído para determinar os níveis de armas convencionais para cada um dos participantes do então Pacto de Varsóvia, e o segundo resolveu temporariamente o problema de restrições do flanco que surgiram em conexão com o fim da URSS”, explicou o comunicado. 

Suspensão de operações como protesto ocidental

Membros da Otan condenaram a decisão da Rússia de se retirar do Tratado, assim o Reino Unido e seus aliados também suspenderam a sua participação e operações no CFE, segundo o Ministério das Relações Exteriores britânico.

“Em resposta às ações da Rússia, o Reino Unido, juntamente com os seus aliados, decidiu suspender a sua participação no Tratado e trabalhar com países com ideias semelhantes para desenvolver e implementar medidas voluntárias de estabilização”, disse o departamento num comunicado publicado no site do governo britânico.

A Otan apoiou a medida britânica afirmando que “embora reconheça o papel do FCE como pedra angular da arquitetura de segurança euro-atlântica” uma situação em que os “Estados cumpram o tratado enquanto a Rússia não o faz seria insustentável”.

“Portanto, como consequência, os Estados aliados pretendem suspender a aplicação do Tratado CFE durante o tempo que for necessário, de acordo com os seus direitos ao abrigo do direito internacional. Esta é uma decisão totalmente apoiada por todos os aliados da Otan”, disse o comunicado citado pela agência britânica Reuters.

(*) Com Sputniknews