O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, rebateu acusações dos Estados Unidos sobre o uso de armas nucleares por parte da Rússia e classificou a decisão como “recurso derradeiro”.
Ao participar de um fórum educacional nesta quarta-feira (06/03), Peskov disse que todas as declarações ocidentais de que a Rússia ameaça a segurança global são irresponsáveis. Ele também classificou o tema da guerra nuclear na Europa como uma perigosa “rotinização”.
“Todas as discussões sobre guerra nuclear, que existem muito agora no Ocidente, nas capitais europeias e nos Estados Unidos, são extremamente irresponsáveis e extremamente perigosas porque este tema está sendo rotinizado. Isto é muito perigoso”, completou.
“A guerra nuclear é o último e ‘derradeiro recurso’ [no caso de uma ameaça que ameace a existência da Federação Russa]”, destacou Peskov. Ao falar sobre a possibilidade da Rússia usar armas nucleares, ele lembrou que a Federação Russa tem uma doutrina militar que estabelece rígidas condições sob as quais o país pode fazer uso de armas nucleares.
“Se algo ameaça a existência do nosso país, então armas nucleares. Além disso, é absolutamente impossível”, enfatizou o porta-voz do presidente Vladimir Putin.
Os comentários de Peskov surgem no contexto em que os Estados Unidos vêm afirmando que a Rússia estaria supostamente pronta para implantar armas nucleares no espaço. A Casa Branca, no entanto, não apresentou evidências concretas.
O presidente russo, Vladimir Putin, classificou tais declarações do Ocidente como uma farsa. Já o chefe da Roscosmos (agência espacial federal da Rússia) chegou a anunciar a implantação de armas nucleares da Federação Russa, juntamente com a China, na Lua até 2035.

Comentários de Peskov surgem no contexto em que os EUA vêm afirmando que a Rússia estaria supostamente implementando armas nucleares no espaço
Em fevereiro, uma publicação da agência Bloomberg, citando fontes de alto escalão anônimas, relatou que os EUA teriam informado aos seus aliados que a Rússia poderia implantar armas nucleares ou uma ogiva simulada no espaço já este ano.
Assim, em 14 de Fevereiro, o presidente do Comité de Inteligência da Câmara dos EUA, Mike Turner, anunciou um briefing fechado no Congresso dos EUA dedicado ao tema de “uma séria ameaça à segurança nacional”. Posteriormente, o coordenador de comunicações estratégicas do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, esclareceu que isto se deve ao desenvolvimento de armas anti-satélite pela Rússia.
Ao reagir aos rumores norte-americanos, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que estas alegações são uma “manobra da Casa Branca” destinada a persuadir o Congresso a votar a favor do projeto de lei de ajuda à Ucrânia. O presidente Vladimir Putin se manifestou dizendo que a Rússia é categoricamente contra a implantação de armas nucleares no espaço. Segundo o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, Moscou não implantou e não planeja implantar tais armas.
Ocidente aumenta provocações
O Ocidente tem elevado o tom em relação ao possível aumento da interferência no conflito da Ucrânia. Primeiramente, o presidente francês Emmanuel Macron afirmou na última terça-feira (27) que, para alcançar a vitória sobre a Rússia na guerra, “não se pode descartar o envio de forças terrestres ocidentais” para a Ucrânia. A declaração recebeu foi rechaça por outros líderes da União Europeia e da Otan.
Ao responder à provocação do presidente francês, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que o plano cogitado pelo Ocidente “levaria à ameaça de um conflito com armas nucleares e, portanto, à aniquilação da civilização”, pois representaria um conflito direto entre a Rússia e a Otan.
Paralelamente, no último fim de semana, foi publicada na mídia russa uma gravação de áudio na qual o general e vários oficiais da Força Aérea Alemã supostamente discutiram os parâmetros do uso de mísseis Taurus, inclusive para ataques à Ponte da Crimeia.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia respondeu dizendo que esta situação demonstra claramente o envolvimento do Ocidente no conflito na Ucrânia, chegando a convocar o embaixador alemão em Moscou para prestar esclarecimentos.