O vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, disse nesta quinta-feira (14/11) que o país considera que os eventos que aconteceram na Bolívia – que resultaram na renúncia de Evo Morales e na tomada de poder por uma senadora da oposição – são “equivalentes a um golpe de Estado”. Ao mesmo tempo, Moscou reconheceu Jeanine Áñez como presidente interina do país.
“Tudo o que antecipou a troca de poder [na Bolívia] nós consideramos como atos equivalentes de fato a um golpe de Estado”, afirmou a jornalistas em Brasília, onde está acompanhando o presidente russo Vladmir Putin na reunião dos Brics.
Apesar do reconhecimento a Áñez, Ryabkov afirmou que Moscou está preocupada com a falta de quorum para votações no Parlamento – inclusive na que deu a presidência à oposicionista.
“Nós também reparamos que, quando ela [Áñez] foi aprovada no Parlamento, não havia quorum, o que é necessário… é claro que ela será reconhecida como líder da Bolívia até que um novo presidente seja eleito, e isso é um assunto interno da Bolívia”, afirmou.
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Áñez é auxiliada por militares a colocar faixa presidencial; Russia denunciou golpe de Estado
Áñez se autodeclarou presidente depois de o então mandatário Evo Morales ter sido forçado a renunciar no domingo, após uma “sugestão” dos militares para que o fizesse, em meio a protestos liderados pela oposição contra sua reeleição em primeiro turno, no último dia 20. Morales está asilado no México.
Junto a ele, renunciaram o vice-presidente, Álvaro García Linera, o presidente da Câmara e a do Senado, que, no entanto, permanece como senadora. Uma sessão extraordinária do Congresso foi colocada para oficializar a renúncia de Morales, proclamando, na sequência, Áñez como presidente interina.
A decisão foi tomada, no entanto, sem a presença dos deputados do partido de Morales, o Movimento ao Socialismo (MAS), que tem a maioria no Parlamento – e, com isso, o quorum não foi alcançado, tecnicamente invalidando a posse.
Diversos países, como Brasil e EUA – e agora a Rússia – reconheceram Áñez como presidente do país, enquanto Venezuela, Cuba, México e Nicarágua reforçaram se tratar de um golpe.