O Instituto de Estudos Peruanos (IEP) divulgou no último domingo (26/02) sua segunda pesquisa de opinião pública do ano a respeito do atual cenário político, com resultados nada favoráveis para a classe política tradicional.
A presidente Dina Boluarte, por exemplo, manteve um alto percentual de rejeição. Segundo a sondagem, 77% rechaça a atual administração e 73% querem que ela renuncie ao cargo. Em comparação com a medição de janeiro, esses índices variaram dentro da margem de erro: a rejeição era de 76% e subiu um ponto, enquanto os anseios de renúncia eram de 74% e baixou um ponto.
Contudo, vale destacar que os números são mais eloquentes no interior do Peru, onde a rejeição à Boluarte é de 86%, e os que desejam a sua renúncia são 85%. Dentro da capital Lima e sua região metropolitana, a desaprovação da presidente é de 69%, e os pedidos de renúncia são de 59%.
A imagem do Congresso é ainda pior que a da presidente: 90% dos entrevistados desaprovam o trabalho do Poder Legislativo do país.
Novas eleições
O apoio aos protestos que pedem novas eleições e a realização de uma Assembleia Constituinte manteve um alto nível de apoio popular, apesar de ter baixado um ponto, ficando com 58% de imagem favorável contra 39% de imagem negativa [dois pontos a mais que em janeiro, mas também uma variação dentro da margem de erro].
Presidência do Peru
Mais de dois terços da população peruana quer que a presidente Dina Boluarte renuncie ao seu cargo
No entanto, o que cresceu significativamente foi o pessimismo com o resultado do processo. O número de pessoas que confia na realização das eleições ainda em 2023 é de 28%, enquanto o número daqueles que acredita que não haverá nenhuma mudança no calendário eleitoral e que o pleito será só em 2026 [como está previsto atualmente] saltou para 33%. Outros 24% acreditam que haverá antecipação eleitoral, mas para 2024.
As estatísticas mencionadas no parágrafo acima se referem ao que os peruanos acham que vai acontecer, mas não ao que os peruanos querem, já que 69% dos entrevistados disse querer que o pleito acontecesse em 2023, enquanto 19% defendem antecipação para 2024 e 8% preferem manter o calendário atual, com presidenciais somente em 2026.
Esse contraste talvez explique outro dado da pesquisa: 41% dos peruanos acredita que seu país não é mais uma democracia. Não são a maioria, já que 55% creem que ainda há um sistema democrático. A última pesquisa feita no Peru que incluiu essa pergunta foi realizada em 2019 pelo Barômetro das Américas, apontando que 66% dos entrevistados consideravam o país como uma democracia.
Nova Constituição
Outra demanda importante dos protestos é a realização de um referendo para se convocar uma Assembleia Constituinte no país.
A atual Constituição do Peru foi imposta em 1993 pelo ditador Alberto Fujimori e é altamente rechaçada, como os números da pesquisa do IEP comprovam. Porém, há dois grandes grupos que defendem soluções diferentes para o problema.
Segundo a pesquisa do domingo, 47% das pessoas defendem uma reforma da atual Constituição [aumento de 2%], enquanto 36% preferem a realização de uma Constituinte para criar uma nova Carta Magna [queda de 4%]. Os que defendem manter o atual marco constitucional sem nenhuma mudança são 13% [aumento de 1%].