Após dez dias de intensos bombardeios sobre a Faixa de Gaza e a invasão terrestre do território palestino pelo Exército israelense, que provocaram a morte de pelo menos 540 pessoas e deixaram feridas outras 2.500, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, viajou para o Oriente Médio para tentar um cessar-fogo junto a líderes da região, tanto árabes quanto israelenses. Israel ataca pesadamente desde o dia 27 de dezembro, com o objetivo declarado de minar as forças do Hamas, movimento palestino que controla a região e tem lançado mísseis no sul do país vizinho.
O presidente francês chegou no começo do dia ao balneário de Sharm-El-Sheikh, no Egito, onde conversou com o líder egípcio, Hosni Mubarak. Os dois analisaram “os esforços para alcançar um imediato cessar-fogo em Gaza e suspender os ataques israelenses contra os palestinos”, segundo a agência estatal de notícias egípcia Mena. Sarkozy sugere que Israel mantenha uma trégua de 48 horas para a entrada de medicamentos e suprimentos em Gaza.
Conforme noticiou a rede de televisão árabe Al-Jazeera, o hospital de Al-Warda, em Gaza, foi bombardeado pelas forças israelenses. Um médico e sete paramédicos morreram. Fontes ouvidas pela emissora estimam que o impacto econômico em Gaza já chega a US$ 1 bilhão.
Não há luz, água ou gás na região desde o início da ofensiva israelense e diversos prédios públicos foram alvejados e destruídos. Gaza possui um dos piores indicadores sociais no mundo: cerca de 80% da população vive abaixo da linha de pobreza e 40% está desempregada, de acordo com a ONG Anistia Internacional.
Sarkozy também esteve na Cisjordânia, onde se reuniu com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, antes que este voasse para Nova York, onde assistirá a uma reunião do Conselho de Segurança da ONU e apresentará um projeto de trégua. Ele pediu o imediato cessar-fogo e disse que a União Européia está trabalhando para tentar evitar um “banho de sangue” na região. “Direi com toda sinceridade ao presidente Shimon Peres e ao primeiro-ministro Ehud Olmert que a violência tem que acabar”, declarou.
Hamas foi “irresponsável”
O presidente francês também disse que o Hamas “agiu de forma irresponsável e imperdoável” ao decidir não renovar a trégua e continuar disparando foguetes Kassam contra o sul de Israel. Quatro israelenses foram mortos na cidade de Sderot, perto da fronteira. Abbas, por sua vez, voltou a pedir o “cessar-fogo imediato e sem condições”.
Logo após a reunião com Abbas, Sarkozy seguiu para Jerusalém, onde conversou com autoridades israelenses. Durante a tarde, a ministra das Relações Exteriores, Tzipi Livni, disse em coletiva de imprensa que a invasão de Gaza tem como objetivo modificar a “equação” da relação entre Israel e o Hamas. “Antes da invasão, o Hamas mirava em civis israelenses a qualquer momento e Israel nada fazia”. Ela também declarou que “qualquer um que atacar Israel, sofrerá contra-ataque”. Livni é candidata a primeira-ministra pelo Kadima, partido centrista que governa Israel, nas eleições de fevereiro próximo.
Amanhã, Sarkozy estará na Síria e no Líbano. Paralelamente, uma missão da União Européia liderada pelo ministro tcheco de Relações Exteriores, Karl Schwarzenberg, começou uma viagem ontem à noite, no Cairo. A delegação reuniu-se também com Mubarak, antes de Sarkozy. E, assim como ele, partiu depois para Jerusalém, para conversar com autoridades israelenses.
A República Tcheca está na presidência rotativa da União Européia. Antes, o cargo foi ocupado pela França. Na ocasião, Sarkozy teve papel de destaque nas negociações para a trégua durante a recente invasão da Geórgia por tropas russas.
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