Sem surpresas, o bilionário Sebastián Piñera, candidato da Aliança por Chile, coligação de direita, lidera a apuração na disputa pela sucessão da presidente socialista Michelle Bachelet após as eleições deste domingo (13). Ele teria 44,23% dos votos, após a apuração oficial de 59,99% das urnas.
Se forem confirmados, estes resultados significariam que Piñera não conseguiu atrair a totalidade do eleitorado de direita. Em 2005, Piñera captou 25,41% dos votos e o outro candidato de direita, Joaquín Lavin, 23,23%. Juntos, eles somavam cerca de 49% dos votos.
Tudo indica que haverá segundo turno entre Piñera e o candidato governista, o ex-presidente Eduardo Frei (1994-2000), que recebeu, por enquanto, 30,50% dos votos.
Claudio Reyes/EFE
Piñera vota em Santiago
Segundo uma pesquisa feita pelo instituto Ipsos em outubro simulando um segundo turno, a diferença entre Frei e Piñera seria mínima.
O candidato independente Marco Enríquez-Ominami aparece em terceiro com 19,39% dos votos, seguido do postulante de esquerda, candidato da Juntos Podemos, sem representação parlamentar, Jorge Arrate, com 5,45%.
Deputado Comunista
Para Arrate, a notícia mais importante é a provável eleição de representantes no Congresso do Partido Comunista. Segundo as primeiras pesquisas, Guillermo Teillier teria conseguido se eleger deputado no distrito San Miguel. Seria o fim de 36 anos de ausência dos comunistas no Congresso
No total, 8.285.186 chilenos foram convocados neste domingo a votar obrigatoriamente para escolher um novo presidente. Além disso, o Chile renova hoje metade do Senado, de 38 membros, e a totalidade da Câmara dos Deputados, de 120 assentos.
Os jovens, porém estão ausentes desta obrigação eleitoral. A maioria deles não está inscrita nas listas de eleitor, e escapa do voto obrigatório. Cidadãos de 18 a 25 anos representam 16% da população chilena, mas somente 4% dos eleitores.
Entrevistado antes da publicação dos primeiros resultados, o deputado Felipe Harboe, candidato a reeleição para a Concertaçao declarou ao Opera Mundi que se “a diferença entre Piñera e Frei for inferior a 15 pontos, o jogo está ainda totalmente aberto”. Ele ressalta, porém, que a possibilidade de ganhar “depende muito da qualidade da mensagem de união que vai emitir Frei entre os dois turnos”.
Após semanas de discrepâncias, a esquerda deu sinais, ainda durante a tarde, de uma estratégia de união para tentar derrotar o candidato de direita.
O candidato independente Marco Enríquez-Ominami, mudou seu discurso demonstrando estar disposto a participar de um pacto contra a direita. “Faremos os acordos amanhã, mas com diálogo, pelo bem do Chile”, afirmou Enríquez-Ominami após votar na cidade litorânea de Zapallar, a 150 quilômetros ao noroeste de Santiago.
“Para mim, não é a mesma coisa se ganhar a direita ou a esquerda”, declarou, destacando que “não compartilha a visão de Sebastián Piñera sobre o Chile”. O candidato de 36 anos convocou a esquerda a se unir “para derrotar os conservadores, mas com idéias do presente, não com as de 1940 nem os medos de 1970”, declarou à imprensa.
O jovem deputado parece aceitar a proposta feita há uma semana pelo representante da esquerda Jorge Arrate, candidato da “Juntos podemos”, de um pacto onde os três aspirantes com menos apoio se unam no segundo turno, marcado para 17 de janeiro, para impedir o triunfo de Piñera.
Pouco Previsível
Para a analista política Marta Lagos, “é possível que as cúpulas dos partidos consigam uma aliança contra a direita, mas acho muito mais difícil convencer aos eleitores”. Ela considera que os ataques entre os dois principais candidatos de centro-esquerda, Marco Enriquez-Ominami e Eduardo Frei, foram “incisivos, relevantes, e muito fortes”. Ela compara a situação política a um matrimônio: “ás vezes, dá para fazer as pazes e voltar a namorar, às vezes, é tarde demais, o limite já foi passado”.
Já o analista Santiago Escobar lembra que o Chile é o país de América Latina onde o segundo turno é o menos previsível. “Em 2000, uma derrota do socialista Ricardo Lagos contra a direita parecia evidente. Ele acabou ganhando!”, conta. “A única coisa que sabemos com certeza esta noite, é que a Concertaçao sob sua forma atual já explodiu”, conclui.
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