O Senado argentino autorizou nesta quarta-feira (22/08), por
unanimidade, a busca judicial em três residências da ex-presidente e atual
senadora Cristina Kirchner. O pedido foi feito há duas semanas pelo juiz
Claudio Bonadio, que investiga o chamado Escândalo dos Cadernos da Corrupção,
envolvendo ex-funcionários do governo e empresários, comparado à operação
Lava-Jato, no Brasil.
Cristina, primeira mulher eleita e reeleita
presidente da Argentina, sucedeu o marido e ex-presidente Nestor Kirchner (2003-2007).
Juntos, eles governaram o país durante 12 anos. Desde que ela deixou o poder,
em 2015, entrou na mira da Justiça e responde a vários processos, a
maioria deles por corrupção. Como é senadora, tem imunidade parlamentar.
Bonadio pediu a retirada do foro privilegiado de Cristina e a sua detenção, além da autorização para realizar buscas em suas
propriedades. Ele tem o apoio das bancadas governistas, mas o governo do
presidente Mauricio Macri não tem maioria no Congresso. Os senadores
oposicionistas só deram quórum para a votação desta quarta-feira (22/08), depois
de terem recebido, na véspera, uma carta da própria ex-presidente, aceitando a
busca.
NULL
Senado autorizou buscas na casa da ex-presidente argentina Cristina Kirchner (José Cruz/Agência Brasil)
Na terça-feira (21/08) à noite, argentinos convocados pelo governo, realizaram uma marcha contra a corrupção. Pediam a retirada do foro privilegiado de Cristina e cadeia para a ex-presidente. Nesta quarta, um grupo menor de manifestantes esperava a senadora no Congresso.
Em discurso, a ex-presidente disse ser vítima de perseguição política e questionou a autenticidade dos Cadernos da Corrupção. Trata-se de oito cadernos, usados por um ex-motorista do Ministério do Planejamento, para anotar todas as viagens feitas por ele ao longo de dez anos, para entregar sacolas com milhares de dólares – supostamente propinas pagas por empresários e ex-funcionários do governo, para obter concessões de obras públicas.
Os cadernos desencadearam uma série de buscas e prisão de ex-funcionários do governo e mais de 20 empresários, muitos dos quais estão fazendo delação premiada.