O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) se solidarizou nesta quarta-feira (04/09), em sua página no Facebook, com a presidente Dilma Rousseff (PT) – adversária dele na última eleição presidencial, em 2010 – por conta das denúncias de espionagem do governo norte-americano contra autoridades brasileiras. A atitude provocou críticas dos seguidores de Serra na rede social.
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“Presto aqui minha solidariedade à presidente Dilma pela espionagem de que foi alvo, revelada no último domingo pelo Fantástico da Rede Globo. É inaceitável que os Estados Unidos, de maneira ilegal e ilegítima, espionem ligações telefônicas, mensagens de celular e de correio eletrônico de um chefe de estado democraticamente eleito”, afirmou o ex-governador.
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Serra se solidarizou com Dilma após denúncias de espionagem por parte do governo norte-americano
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Serra disse que é “surrada” a desculpa de usar o combate ao terrorismo para justificar a espionagem “Não valem agora justificativas formais para um ato tão ofensivo. Também não é aceitável a surrada invocação do combate ao terrorismo a fim de abonar as arbitrariedades dos órgãos de segurança americanos, dos quais o governo do presidente Obama é o responsável. Pistas sobre o terrorismo mundial em SMS ou e-mails da Dilma? Ridículo.”
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O ex-governador continou. “Mais ainda, ampliando o tema, fico alarmado com esse papel que a democracia norte-americana está se atribuindo: de gendarme do mundo. Acontecem coisas lamentáveis num país e as forças armadas dos Estados Unidos vão intervir? Quais serão os limites desse poder?”
Os comentários do tucano provocaram protestos no Facebook. Seguidores do ex-governador se disseram “decepcionados” com a nota de solidariedade, além de afirmarem que Serra “perdeu uma oportunidade de ficar calado” ou preferirem “acreditar que o perfil foi hackeado”. Há também os que se mostraram arrependidos de ter votado no político.
Espionagem
A NSA (Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos) teria investigado Dilma e seus principais assessores, além do então candidato à presidência do México (e atual presidente) Enrique Peña Nieto, de acordo com documentos ultrassecretos vazados da agência pelo ex-funcionário da CIA Edward Snowden. As informações foram repassadas pelo jornalista norte-americano Glenn Greenwald, que recebeu a maior parte dos documentos de Snowden, atualmente exilado na Rússia e procurado pelos EUA.
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Os documentos vazados fazem parte de uma apresentação interna da NSA. Eles mostram que foi feita espionagem de Dilma nas comunicações, incluindo o conteúdo de mensagens de texto entre assessores e colaboradores do Planalto.
Na segunda-feira (02/09), o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, afirmou que solicitou uma resposta “por escrito” do governo norte-americano. Só aí, afirmou Figueiredo, é que será decidido que eventuais ações tomar contra Washington.
“A reação dependerá do tipo de resposta que for dada. Por isso, queremos uma resposta formal e por escrito. Daí vamos ver”, afirmou Figueiredo. O governo brasileiro espera uma resposta ainda esta semana.