O presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, e a primeira-ministra do país, Ana Brnabic, anunciaram conjuntamente nesta quinta-feira (15/12) que a decisão de enviar destacamentos militares ao Norte de Kosovo para ajudar as comunidades étnicas sérvias que vivem na região foi aprovada por unanimidade em uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança do país.
Com isso, o governo sérvio confirma que enviará um total de mil soldados à região onde se registram conflitos entre grupos étnicos sérvios e as forças de segurança kosovares desde o sábado passado (10/12).
Em pronunciamento, Vucic especificou que o documento será entregue oficialmente nesta sexta-feira às autoridades da Força Militar Especial de Kosovo (KFOR), organismo que conta com o apoio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
“Entregaremos um pedido de regresso a Kosovo de um certo número das nossas forças, em cumprimento de um direito que nos é garantido pelo direito internacional”, assegurou o presidente sérvio, ressaltando que a medida está baseado me uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU).
Entretanto, Vucic, reconhece que a KFOR deve rejeitar a solicitação para permitir que seus soldados tenham acesso à parte do território de Kosovo onde vivem as comunidades étnicas sérvias.
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O presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic
“Acho que não há chance de aceitarem nosso pedido. Não porque seja ruim, se eles pensarem melhor, verão que isso contribuiria para a paz, para uma visão de futuro completamente diferente e a possibilidade de encontrar algumas soluções de compromisso. No entanto, eles nem querem ouvir, porque acreditam ter o direito de decidir sobre nós sem o nosso consentimento”, declarou o presidente sérvio.
Kosovo é uma região que se autoproclamou independente em 2008, mas esse status não é reconhecido pela Sérvia, que o considera parte do seu território. Esse reconhecimento também é contestado a nível internacional: Estados Unidos e a União Europeia apoiam a proclamação kosovar, mas Rússia e China e diversos outros países estão do lado da Sérvia ou se mantiveram neutros no caso – o Brasil é um dos que optou pela neutralidade.
O conflito do fim de semana foi iniciado no sábado (10/12), quando um grupo étnico sérvio que vive em Kosovo denunciou ações de hostilidade das forças de segurança kosovares, que reagiram com repressão e prenderam um policial sérvio, Dejan Pantic.
Segundo o canal russo RT, a detenção de Pantic desencadeou uma série de protestos em algumas pequenas localidades kosovares, como Zvecan e Zubin Poyok, onde correspondentes reportaram tiroteios e explosões neste domingo (11/12).