A expectativa é de um número menor de grevistas nesta quinta-feira (16/07), devido ao período de férias escolares em algumas regiões da França. Esta manhã, o metrô em Paris funciona normalmente e apenas algumas linhas de trem estão prejudicadas.
O objetivo da mobilização é manter a pressão sobre os deputados, que têm até a meia-noite desta sexta-feira (17/02) para examinar o projeto de lei do Executivo.
Cerca de 30% dos voos no aeroporto de Paris-Orly serão cancelados nesta quinta e outros aeroportos regionais serão afetados pela paralisação.
Depois da mobilização de sábado (11/02) que levou às ruas 963 mil manifestantes, segundo as autoridades, mais de 2,5 milhões, segundo os sindicatos, os protestos devem ser menores nesta quinta-feira. Uma fonte policial, citada pela agência AFP, disse esperar entre 450.000 e 650.000 pessoas nas ruas de todo o país, sendo 70.000 somente na capital Paris.
A maioria dos franceses continua resistente à reforma da Previdência. Na capital, a passeata desta quinta-feira começa às 14h locais (10 horas em Brasília), na praça da Bastilha.
Debate no Parlamento
As centrais sindicais apostam, contudo, em uma mobilização ainda mais forte no dia 7 de março, data em que pretendem paralisar o país no momento em que o projeto da reforma chega ao Senado.
O artigo mais polêmico do texto, que aumenta a idade mínima para aposentadoria dos atuais 62 para 64 anos, ainda não foi examinado no Parlamento, onde os debates são cada vez mais virulentos por parte da oposição.
Nesta quarta-feira (15/02), o bloco da esquerda radical retirou 90% das emendas que obstruíam o debate parlamentar na Assembleia Nacional. Ainda faltam, entretanto, 11 mil emendas para serem analisadas.
Irritado com a atmosfera no Parlamento, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que “a oposição não tem mais uma bússola e está totalmente perdida”.
Reprodução/ @lacgtcommunique
Autoridades de segurança esperam entre 450.000 e 650.000 pessoas nas ruas de todo o país, sendo 70.000 somente na capital Paris
Imprensa francesa aponta “meias-mentiras” do governo
A manchete de capa do jornal Libération, nesta quinta-feira, diz que a propaganda feita pelo ministro do Trabalho, Olivier Dussopt, de que com esta reforma a pensão mínima de aposentadoria na França passaria a € 1.200 para todos é “um engodo”. Na quarta, o ministro admitiu que apenas 40 mil dos futuros pensionistas se enquadram nos critérios exigidos para receber o benefício, que são 43 anos de contribuição ao sistema previdenciário.
Em seu editorial, o jornal progressista afirma que o discurso do governo sobre medidas positivas da reforma é “um festival de dados aproximados e meias-mentiras”.
O conservador Le Figaro critica em seu editorial a estratégia do partido de esquerda radical França Insubmissa, que apresentou milhares de emendas e agora retira boa parte delas, para evitar o debate sobre o artigo que estende a idade mínima para 64 anos. Mas não se omite sobre as injustiças do sistema previdenciário em relação às mulheres.
Mulheres sempre prejudicadas
Com pensões inferiores aos homens por carreiras descontínuas e salários desiguais, muitas mulheres continuam trabalhando depois de se aposentar para melhorar sua renda mensal. Qual não é a surpresa de muitas delas quando descobrem, às vezes dez anos depois de terem trabalhado arduamente, que ultrapassaram o teto permitido pela lei para um pensionista trabalhar na França. Tudo o que pensavam ter ganhado para complementar a aposentadoria é cobrado de volta pelo Estado.
O jornal Les Echos, de linha editorial liberal, também aponta o que seria uma “meia-mentira” dita pela primeira-ministra Élisabeth Borne. Segundo a premiê, os franceses que começaram a trabalhar aos 16 ou 18 anos seriam protegidos por um dispositivo de “carreiras longas”, ou seja, com 43 anos de contribuição, mesmo não tendo 64 anos, poderiam se aposentar com a pensão integral. Les Echos verificou a informação e afirma que muitos nesta situação terão de acumular no mínimo 44 anos de contribuição.