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O senador e ex-presidente do Uruguai José 'Pepe' Mujica afirmou que “o sistema político brasileiro não está à altura do país”, em entrevista publicada nesta quinta-feira (21/04) no site da revista uruguaia Búsqueda.
Efe/arquivo
Para Pepe Mujica, é “um fato trágico” que a maioria dos parlamentares tenham votado “com alegria” a favor da destituição de Dilma
À publicação semanal, Mujica disse sentir-se “muito preocupado” com o que ocorre no Brasil, onde a Câmara dos Deputados aprovou, no domingo (17/04), um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
Mujica contou ter acompanhado de perto a votação e considerou “um fato trágico” que a maioria dos parlamentares tenham votado “com alegria” a favor da destituição de Dilma.
Para ele, o sistema político do Brasil não está “à altura” do país ao qual tenta representar.
“Falo de um sistema político que não está á altura do país que tenta representar. Há um fanatismo, uma cegueira, que não condizem com esse discurso que o vice-presidente [Michel Temer] já preparou e em que pede um acordo nacional. Que tipo de acordo nacional vão encontrar com esse caminho?”, questionou.
De acordo com o ex-presidente, o processo de votação no Congresso “do ponto de vista estritamente legal pode parecer correto, o problema é que passam por cima de uma decisão que a população tomou em seu momento”.
Além disso, disse que Dilma tem sido “bode expiatório” em meio à crise brasileira.
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“Boa parcelas das classes médias nunca veem as contradições que o capitalismo tem, que opera com ciclos de baixa e necessita de bodes expiatórios. Agora estão agarrados no bode expiatório de uma presidente. Em outros tempos eram os judeus ou comunistas, mas esse filme já vimos muitas vezes”, disse.
Mujica afirmou também que, se fosse investidor, evitaria o país. “Hoje não sou investidor e nunca serei, mas pensaria quatro vezes antes de investir no Brasil com o que pode vir”.
Segundo ele, “há corrupção em todos os partidos políticos do Brasil”, o que tem causado “desmoralização junto ao povo”. O risco, disse, é que o atual momento conduza a uma “descrença” em relação à política.
“O que pode ocorrer é que muita gente desacredite na política e não acredite em nada, e uma sociedade que não acredita em nada termina mal”, declarou.