O ex-conselheiro de Donald Trump Steve Bannon foi preso nesta quinta-feira (20/08) acusado cometer fraude contra centenas de milhares de doadores por meio de sua campanha para construção do muro na fronteira com o México. Ele é também um dos líderes da extrema-direita mundial.
Bannon e três de seus associados também foram indiciados por investigadores do Distrito Sul dos EUA de Nova York. A prisão e os indiciamentos vem pouco mais de dois meses antes da eleição nos EUA, na qual Trump concorre à reeleição.
De acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, o grupo de líderes conservadores é acusado de fraude contra doadores de campanha, o que levou à arrecadação de “mais de US$ 25 milhões [cerca de R$ 142 milhões] para construir um muro ao longo da fronteira sul dos Estados Unidos”.
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Segundo a investigação, milhares de dólares que doadores destinaram para a construção do muro foram utilizados para benefício próprio de Brian Kolfage, tido como o fundador da operação da campanha “We Built That Wall” (nós construiremos o muro, em inglês).
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Bannon foi preso sob acusações de fraude em campanha para construir muro com México
Bannon foi diretor de campanha de Donald Trump, em 2016, e assumiu o cargo de estrategista-chefe e conselheiro sênior do presidente assim que o republicano tomou posse no cargo, em janeiro de 2017. Ele deixou a Casa Branca em agosto do mesmo ano, e passou a se dedicar à construção de um movimento de extrema-direita mundial. Antes disso, foi diretor do site de ultradireita Breitbart News.
Relação com governo Bolsonaro
O filho do presidente Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), por exemplo, é um dos que se fia em Bannon para expandir o flanco ultraconservador no Brasil. Entre outros elogiados pelo ex-assessor de Trump, estão o ex-ministro italiano Matteo Salvini e a ex-candidata à presidência da França Marine Le Pen, e o astrólogo autointitulado filósofo Olavo de Carvalho.
O próprio presidente já se sentou ao lado de Bannon na primeira viagem que fez aos EUA. Os dois jantaram juntos na Embaixada do Brasil em Washington, em evento que contou também com a participação de Carvalho.
Mas as relações do governo brasileiro com o ex-assessor de Trump não param por aí: o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Filipe Martins, chegou a ir ao jantar de aniversário de Bannon. Por sua vez, o ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) se reuniu com ele em 2019 para discutir o discurso de Bolsonaro na ONU, segundo reportagem de O Estado de S. Paulo.
(*) Com Sputnik