O grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR) do Sudão anunciou, no domingo (25/06) que assumiu o controle do quartel-general do Exército em Cartum, capital do país.
“A vitória de hoje sobre a milícia golpista de Al-Burhan representa um golpe doloroso para os remanescentes do regime extinto [do ditador Omar al-Bashir] e um novo ímpeto para as Forças de Apoio Rápido no caminho para restaurar a liberdade e a democracia ao nosso povo”, declarou as FAR por meio das redes sociais.
تمليكا للرأي العام وأجهزة الإعلام للحقائق ننشر لكم بعض ملامح انتصار قوات الدعم السريع اليوم في معركة رئاسة الاحتياطي المركزي ومعسكر عوض خوجلي للتدريب:
1- استولت قوات الدعم السريع بعد سيطرتها على رئاسة قوات الاحتياطي المركزي ومعسكر عوض خوجلي على كميات كبيرة من المركبات والأسلحة… pic.twitter.com/57SI2y8ZFs— Rapid Support Forces – قوات الدعم السريع (@RSFSudan) June 25, 2023
A organização afirmou que apreendeu “uma quantidade significativa de veículos, armas e munições”, especificando a captura de 160 Land Cruisers (carros usados em combate) totalmente armados, 75 veículos blindados e 27 tanques.
“A operação levou à captura ou morte de centenas de oficiais e soldados das Forças Armadas do Sudão (SAF), outros indivíduos armados afiliados às SAF e seus patronos extremistas ligados ao antigo regime do ditador militar Omar al-Bashir”, completou a FAR.
Por sua vez, um ex-oficial do Exército que prestou declarações à mídia internacional informou que a tomada de posse do quartel-general terá um forte impacto no conflito, uma vez que os quartéis do Exército garantem o controle da entrada em Cartum pelo Sul da capital.
Twitter/Rapid Support Forces
Grupo paramilitar anunciou a apreensão de 75 veículos blindados e 27 tanques do Exército do Sudão
Já os Médicos Sem Fronteiras do Sudão divulgaram que “somente nas últimas 48 horas, equipes médicas e cirúrgicas de MSF e do Ministério da Saúde trataram 150 feridos de guerra no Hospital Turco em Cartum. A maioria dos pacientes são civis – incluindo crianças e idosos”.
A agência de migração das Nações Unidas informou que mais de 2,5 milhões de pessoas foram forçadas a se mudar devido aos combates que eclodiram em 15 de abril.
O conflito opõe os generais Abdel Fatah al-Burhan, chefe das Forças Armadas, e Mohamed Hamdan Dagalo, mais conhecido como Hemedti e líder do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR).
Antigos aliados, os dois se distanciaram em meio a acusações mútuas de tentativas de concentrar o poder. Enquanto Hemedti denuncia uma tentativa de restaurar o antigo regime que sustentava o ditador Omar al-Bashir, Burhan quer integrar as FAR no Exército para reduzir a autonomia do grupo.
O Sudão não tem um governo funcional desde 2021, quando as forças armadas do país destituíram o governo de transição do então primeiro-ministro Abdalla Hamdok e instituíram um estado de emergência entendido como um golpe militar.
Tal período de transição, desde a destituição de al-Bashir, deveria ser finalizado em possíveis eleições no início de 2024.
(*) Com Monitor do Oriente Médio e TeleSUR