Mais de 7,5 milhões de eleitores na Suécia comparecem às urnas neste domingo (11/09) para participar da eleição legislativa no país. Pela primeira vez, a direita aceita governar com o apoio da extrema-direita. Já a esquerda busca um terceiro mandato consecutivo.
O partido nacionalista anti-imigração Democratas da Suécia (SD), de origem neonazista, pode ser o segundo mais votado de acordo com as pesquisas. Seu desempenho nas urnas pode ser decisivo em um possível acordo com a direita tradicional no Parlamento para formar o governo.
A Suécia assumirá a presidência temporária da União Europeia em janeiro e desde 2014 é governada pelos social-democratas, maior partido do país desde a década de 1930.
Os cinco institutos de pesquisa mostram que o partido da primeira-ministra, Magdalena Andersson, tem entre 49,6% e 51,6% dos votos, contra 47,6 e 49,4% para a direita e extrema direita. “Vai ser muito, muito apertado”, disse a premiê aos jornalistas após deixar o local onde votou, na manhã deste domingo (11).
A primeira-ministra assumiu o cargo há um ano e tem a confiança dos eleitores para manter o posto de chefe de Governo, com 55% de opiniões positivas, muito à frente do rival do partido conservador Moderados, Ulf Kristersson (32%).
“É um voto histórico em meio à crise política que domina o país desde 2014, com alas que têm encontrado dificuldades para decidir se podem se identificar como centro-direita, ou centro-esquerda”, explicou o cientista político Yohann Aucante, especialista na Escandinávia, à RFI.
“A novidade desta eleição é que, pela primeira vez, o Partido Nacionalista dos Democratas da Suécia (SD) se aproximou da ala da direita e isso faz com que o partido do centro se identifique mais com a esquerda”, analisa.
A campanha foi dominada por temas favoráveis à oposição de direita, como a criminalidade, os problemas de integração e o aumento do preço da energia, entre outros.
Florian Prischl/Flickr
Esquerda busca terceiro mandato consecutivo; pela primeira vez, direita aceita governar com o apoio da extrema-direita
O fim do isolamento do SD e sua possível liderança na formação de uma união de direita representam uma “enorme mudança para a sociedade sueca”, destaca Anders Lindberg, colunista do jornal de esquerda Aftonbladet.
O SD é herdeiro de um grupo originalmente neonazista formado no fim dos anos 1980. O partido recebia apenas 1% dos votos há 20 anos e só conseguiu entrar no Parlamento em 2010.
Com o discurso anti-imigração e de defesa do Estado protetor tradicional, o partido conseguiu conquistar a classe trabalhadora, os aposentados e os setores menos qualificados.
O SD critica a chegada de migrantes ao país, com quase 500.000 pessoas nos últimos 10 anos, 5% da população.
Premiê está há apenas 10 meses no poder
Magdalena Andersson, primeira mulher chefe de Governo da Suécia, chegou ao poder em novembro de 2021. A premiê também endureceu o discurso sobre a imigração e a integração, ao admitir um “fracasso” em vários bairros e expressar uma linha contrária aos guetos.
O líder dos Moderados, Ulf Kristersson, poderia ser escolhido como o primeiro-ministro em caso de vitória da união das direitas, mas o cenário, para ele, seria desfavorável se a a extrema-direita do SD conquistasse mais votos que seu partido.