Os suíços decidiram neste domingo (22/09), por ampla maioria, não abolir o serviço militar obrigatório, segundo dados do último referendo nacional sobre o assunto. Cerca de 73% dos vontantes foram contra a medida proposta pela organização pacifista GSsA (Por uma Suíça sem Exército, na sigla em francês).
O Exército suíço é visto por alguns como custoso e, para muitos dos jovens que são obrigados a se alistar, como uma perda de tempo. Votantes mais velhos, entretanto, consideram que o alistamento obrigatório continua sendo a melhor maneira de defender o país neutro.
Os homens suíços com idade entre 18 e 34 anos começam o serviço militar com semanas de treinamento básico. Eles, então, mantêm seus uniformes e armas em casa para estar prontos para suas excursões de dever. As mulheres podem se alistar voluntariamente.
Aqueles que se opõem ao alistamento por consciência têm a opção de realizar o serviço não-militar, com, por exemplo, projetos ambientais. Os homens que não servem pagam um imposto especial de 4% de seus salários.
A votação foi a terceira em relação a este tema nos últimos quase 25 anos. Pacifistas e partidos de esquerda fizeram campanha pela abolição do serviço obrigatório. Eles não esperavam vencer, mas sim angariar mais de 30% dos votos para a sua causa, o que não ocorreu.
Com uma participação total da população superior aos 46%, os cantões (administrações regionais da Suíça) mais hostis à iniciativa da GSsA foram os alemães, cujos votos negativos ultrapassaram os 80%. O cantão de Genebra foi o mais moderado do país, com cerca de 57% dos votos negativos à proposta.
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O porta-voz da GSsA, Nikolai Prawdzic, expressou decepção ao saber do rechaço da maior parte de população à proposta, mas não surpresa, uma vez que, em suas palavras, “o resultado era previsível”.
“Acho que muitas pessoas temiam o desaparecimento de um controle democrático das Forças Armadas”, afirmou Prawdzic, representando a organização que reúne políticos ambientalistas, pacifistas e coletivos feministas.
Este foi o pior resultado obtido pela GSsA desde que começou a propor a abolição do serviço militar obrigatório, em 1989, quando conquistou o apoio de 36% dos votantes, em um momento histórico marcado pelo fim da Cortina de Ferro na Europa.
Os partidos de centro e de direita argumentam que o alistamento obrigatório é essencial para manter o Exército da Suíça em uma época de desafios à segurança. Eles também afirmam que a medida ajuda a unir um país que tem três línguas principais: alemão, francês e italiano.
“Abolir o serviço militar iria desfazer o laço genuíno que une o povo e o Exército”, afirmou o ministro da Defesa, Ueli Maurer.
No referendo de hoje, os suíços também foram consultados sobre a liberalização do horário de funcionamento de lojas, para que possam abrir 24 horas, e sobre a vacinação obrigatória. No primeiro caso, a medida foi aprovada em 18 dos 26 cantões. Já a consulta sobre a Lei de Epidemiologia recebeu apoio de mais de 60% dos votantes.