A Suprema Corte do México vai lançar, em junho, uma série de televisão sobre a história real de um assassino de mulheres, a fim de criar consciência na sociedade sobre os feminicídios. Em 2021, segundo dados oficiais, houve 3.751 assassinatos de mulheres (1.004 deles classificados como feminicídios), e a maioria segue impune.
Feita em forma de documentário, a série “Caníbal, indignación total” é baseada no caso de Andrés, um homem de 72 anos capturado há um ano em Atizapan, um subúrbio da capital, que se declarou culpado de assassinar mulheres e enterrá-las em seu jardim. As vítimas seriam ao menos 19.
“Este caso serve para entender o fenômeno dos feminicídios no México (…). Vamos conseguir tocar consciências e dar visibilidade às meninas e mulheres do México que estão sendo mortas e desaparecendo”, disse em coletiva de imprensa Arturo Zaldívar, presidente do mais alto tribunal.
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"Nem uma a menos" em ato pelo dia da Mulher no Acapulco, México
Uma prévia da série, que tem cinco capítulos, mostra os policiais responsáveis pela captura, vizinhos e especialistas falando sobre o caso, que ganhou amplo espaço na mídia.
O magistrado lamentou que a sociedade mexicana pareça estar “acostumada” com a violência, de forma que “as garotas que desaparecem são parte da paisagem”.
“Nos damos conta do nível de ineficiência, frivolidade e desprezo com que são tratadas as famílias e investigados os casos”, afirmou Zaldívar.
Em paralelo à violência ligada ao crime organizado que aflige o México há 16 anos, surgiu uma onda de agressões e assassinatos de mulheres.
A série, observou Zaldívar, foi feita “com enorme seriedade e cuidado, não busca gerar morbidez, mas sim provocar reflexão, e não foca tanto em buscar culpados, mas sim apontar soluções”.
“Caníbal, indignación total” estreará em 27 de junho na Televisa, o maior canal em espanhol do mundo, que cedeu espaço à Suprema Corte mexicana.