A Corte Suprema de Justiça da Colômbia pediu hoje (26) que o governo federal investigue a denúncia de que alguns membros do tribunal foram vítimas de escuta telefônica ilegal. Os grampos teriam sido feitos pelo DAS (Departamento Administrativo de Segurança), espécie de serviço secreto de elite colombiano.
A denúncia foi veiculada pela revista colombiana Semana. Segundo a publicação, as conversas gravadas eram vendidas para narcotraficantes, paramilitares e guerrilheiros.
Além dos magistrados, outros alvos da espionagem teriam sido jornalistas e parlamentares, entre eles Piedad Córdoba, que intermediou a recente libertação de seis reféns políticos junto às Farc (Forças Revolucionárias Colombianas).
Segundo o jornal El Espectador, o DAS grampeou integrantes do círculo íntimo do presidente Álvaro Uribe, que detêm as informações mais sensíveis sobre assuntos de segurança nacional. Por exemplo, o ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, sua esposa e dois vice-ministros, além do general Óscar Naranjo, diretor da polícia.
O jornal cita ainda que, entre os grampeados, estão o ex-presidente César Gaviria, o ex-senador Carlos Gaviria, os pré-candidatos presidenciais Rafael Pardo e Germán Vargas Lleras, o senador liberal Juan Fernando Cristo, o major Mauricio Sierra, assistente do general Naranjo, além de jornalistas do El Espectador, do jornal El Tiempo e do canal de tevê Noticias Uno.
O objetivo, segundo o El Espectador, era descobrir secredos dos opositores do governo Uribe e também dos assesores mais próximos ao presidente, como a secretária particular, Alicia Arango, o secretário geral, Bernardo Moreno, e o chefe de segurança, Flavio Buitrago.
Sucessão presidencial
Em entrevista, Piedad Córdoba disse que o esquema “visa a desprestigiar opositores e aliados de Uribe que buscam sua sucessão”.
O presidente, que já havia negado participação no esquema, proibiu que o DAS continuasse fazendo interceptações telefônicas e delegou essa função à polícia.
A atitude foi elogiada por Mario Iguarán, procurador-geral do país. Ele afirmou que foram fechadas as salas de escuta que funcionavam na sede do organismo.
Héctor Helí Rojas, representante do Partido Liberal, que é de oposição, pediu seja pensado “o fim do DAS e a criação de uma nova entidade encarregada da inteligência oficial, com caráter civil e respeito aos direitos humanos”.
Hernán Andrade, presidente do Congresso e membro da coalizão governista, pediu “medidas exemplares e reformas de fundo para acabar com a corrupção interna” no DAS.
Não é a primeira acusação desse tipo feita ao DAS, órgão fundado em 1953 que desde 2000 vem recebendo sucessivas acusações de espionagem a grupos de oposição, e de ligação com grupos paramilitares de direita.
As denúncias causaram a renúncia de Jorge Alberto Lagos, subdiretor do DAS. A maior parte das gravações teria sido feita em seu escritório. Segundo Felipe Munõz, diretor do órgão, outros funcionários tomaram a mesma atitude.
No Brasil
No ano passado, ocorreu um caso semelhante no Brasil, quando surgiu a denúncia de que conversas entre o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) foram grampeadas. O inquérito continua aberto. Na ocasião, uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) já estava em funcionamento, para investigar exclusivamente as escutas ilegais.
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