Agência Efe (12/10/12)
Paquistaneses acenderam velas e rezaram por Malala Yusufzai, que sofreu tentativa de assassinato por talibã
Jornalistas paquistaneses e agências de notícias que atuam no país tiveram que reforçar a sua segurança na última semana depois de receberem ameaças de grupo talibã, informou nesta terça-feira (16/10) o diário britânico Guardian.
Os radicais estão insatisfeitos com a cobertura midiática sobre o atentado que realizaram contra Malala Yusufzai, uma ativista paquistanesa de apenas 14 anos. A jovem, que corre risco de morte, comoveu a sociedade de seu país e muitas pessoas ao redor do mundo. Até manifestações a seu favor foram realizadas em diferentes cidades paquistanesas.
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A polícia informou que possui “informações contundentes” de que os talibãs estão planejando ações contra jornalistas da região do Swat, onde o ataque a Malala aconteceu.
“Sem dúvidas, este é o pior momento de cobertura de imprensa da história do TTP (sigla em inglês para Movimento dos Talibãs no Paquistão)”, explicou Rana Jawad, editora do centro Geo News em Islamabad.
A ativista paquistanesa Malala foi enviada nesta segunda-feira (15/10) ao Reino Unido para ser tratada em um hospital especializado no tratamento de feridas por disparos “que tem a capacidade de fornecer serviços integrados para cuidar de jovens que sofreram ferimentos graves”. A paquistanesa foi baleada nos ombros e na cabeça por membros do TTP.
A transferência da paciente vem um dia depois de um membro de sua equipe médica ter afirmado, sob condição de anonimato, que ela tem poucas chances de sobreviver.
Histórico
Malala foi atacada por membros do TTP, aliado da Al-Qaeda, em Mingora, a principal cidade do vale do Swat que o exército tirou do controle do grupo rebelde islâmico em 2009. Outros dois estudantes foram feridos.
Malala possui um blog em urdu no site da BBC desde 2009, quando, com apenas 12 anos denunciava os atos de violência cometidos pelos talibãs. Na época ela comentava os impactos na comunidade das medidas do Talebã, que naquele ano havia fechado mais de 150 escolas para meninas, e explodido outras cinco no vale de Swat.
O clima já era tenso na época e havia uma ameaça constante de que escolas de meninas pudessem ser alvo de ataques. Malala relatava na época que muitas de suas colegas haviam se mudado com suas famílias para cidades maiores como Lahore, Peshawar e Rawalpindi.
No ano passado, ela recebeu o primeiro Prêmio Nacional da Paz criado pelo governo paquistanês.
O Talibã reivindicou a autoria do atentado. “Malala foi alvo por seu papel pioneiro na defesa da laicidade e da chamada ‘moderação’”, escreveu em um e-mail enviado à AFP o porta-voz do TTP Ihsanullah Ihsan.
“O TTP não acredita em ataques específicos contra as mulheres, mas qualquer pessoa que dirige uma campanha contra o islã e a sharia (lei islâmica) deve ser morta”, disse, acrescentando que a pouca idade de Malala Yousufzai não era uma razão para a clemência.
O presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, disse que o ataque contra Malala não afetará a luta do país contra os militantes islâmicos e em favor da educação feminina. O governo também ofereceu uma recompensa do equivalente a cerca de 200 mil reais por quem oferecer pistas sobre os agressores de Malala.