A emissora multiestatal teleSUR completa nesta sexta-feira (24/07) 15 anos no ar. Um símbolo da resistência contra os monopólios privados dos meios de comunicação, a rede nasceu por iniciativa dos ex-líderes latino-americanos Hugo Chávez (1954-2003) e Fidel Castro (1926-2016), em uma parceria que envolveu, em 2005, diversos países latino-americanos.
Um dos principais objetivos do canal, que também tem um site e está presente em outras plataformas, é promover a integração latino-americana. Como afirma a presidente do órgão, Patricia Villegas, a existência da teleSUR “demonstra que a comunicação é um direito fundamental e não uma mercadoria”.
A emissora, além de transmitir em sinal aberto na Venezuela e em Cuba, está em operadoras de cabo pela América Latina, tem um site em inglês e produz, semanalmente, um resumo informativo no Facebook em português.
A teleSUR desempenha um papel relevante na defesa da democracia na região. Mostrando um lado que a grande imprensa não exibe, foi um canal de informações fundamental na tentativa de golpe contra o então presidente equatoriano Rafael Correa, em 2010, além de trazer ampla cobertura dos golpes contra a então presidente brasileira Dilma Rousseff, em 2016, contra o então mandatário boliviano Evo Morales, em 2019, e contra o hondurenho Manuel Zelaya, em 2009.
Com sede em Caracas, a teleSUR também foi primordial na cobertura da crise venezuelana, trazendo em tempo real, por exemplo, informações sobre a tentativa de golpe patrocinada pelo deputado opositor Juan Guaidó contra o presidente Nicolás Maduro, no ano passado.
O próprio Maduro enviou uma mensagem de felicitações à emissora e disse o legado de Chávez e Fidel “segue vivo” na teleSUR. “Quinze anos defendendo a verdade da América Latina e o do Caribe, dos povos do sul. Quinze anos ganhando a batalha comunicacional, a batalha simbólica, a batalha pela verdade. (…) Não exagero quando digo que ela é a melhor emissora mundial em matéria de notícias”, afirmou.
Fundação
A teleSUR fez sua primeira transmissão no dia do 222º aniversário de Simón Bolívar, 24 de julho de 2005, emitindo a partir do Teatro Teresa Carreño, em Caracas – e, desde 2017, o faz em alta definição.
Quando da fundação, diversos países latino-americanos participavam da empreitada: Argentina, Venezuela, Cuba, Uruguai e Bolívia. Com a ascensão de Mauricio Macri (2015-2019) ao poder, Buenos Aires deixou em 2016 de financiar o canal, o mesmo acontecendo com Bolívia e Uruguai após mudanças nas presidências destes países. O Brasil nunca participou da joint-venture.
Atualmente, a teleSUR é financiada por Venezuela, Cuba e Nicarágua, que se juntou posteriormente à lista. No último dia 27 de janeiro, a emissora inaugurou uma sede em Havana, a qual se junta às sucursais de Caracas e Quito.
Ao longo de sua trajetória, a teleSUR enfrentou tentativas de repressão, em especial dos Estados Unidos. Na época da fundação, a Câmara dos Representantes chegou a aprovar uma lei para que o Washington fosse obrigada a emitir um canal para a Venezuela a fim de atrapalhar a transmissão da teleSUR. Na época, o então embaixador venezuelano nos EUA, Bernardo Álvarez, disse que a ação mostrava a “ignorância” norte-americana em relação ao que acontece no mercado midiático do país sul-americano.