A prisão do ex-presidente Michel Temer, que ocorreu na manhã desta quinta-feira (21/03) pela Polícia Federal em um desdobramento da operação Lava-Jato, foi destaque na imprensa internacional.
O jornal francês Le Monde destacou que a prisão do ex-presidente aconteceu somente depois de Temer encerrar um mandato “contaminado” pela corrupção e muito impopular. “Seu curto mandato foi contaminado por escândalos de corrupção, e ele deixou o poder não sem quebrar recordes de impopularidade”, afirmou o periódico.
O diário francês ainda destacou que o ex-presidente conseguiu, “por duas vezes”, evitar processos de impeachment por possuir influências no Congresso Nacional.
O jornal britânico The Guardian classificou Temer como um das “figuras-chaves” no impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, quando o então vice-presidente foi encarregado de assumir o cargo.
O periódico britânico também afirmou que o ex-presidente terminou seu mandato com 2% de aprovação.
O argentino Clarín trouxe a informação da prisão do ex-ministro Moreira Franco, a quem classificou como um “importante colaborador do ex-presidente”. O ex-ministro de Minas e Energia também foi preso, assim como o coronel Lima, apontado como operador de Temer e amigo pessoal do ex-presidente.
O periódico também detalhou a operação “batizada Radioatividade que investiga crimes de corrupção, desvio de fundos e lavagem de dinheiro […] para a organização criminosa liderada por Michel Temer”.
O jornal norte-americano Washington Post também afirmou que “Temer era impopular entre os brasileiros, mas habilidoso na política”, destacando os artifícios que o ex-presidente utilizou para escapar de acusações durante o exercício do cargo.
O jornal dos EUA ainda afirma que Temer nega todos os atos ilícitos e que ele enfrenta “dez casos de corrupção, sendo que cinco foram supostamente cometidos enquanto ele era presidente”.
O português Público também destaca que o ex-presidente é alvo de dez inquéritos e que, nos últimos dias do mandato, “o Congresso impediu sempre que o então presidente pudesse ir a julgamento”.
O jornal belga La Libre diz que a “raposa velha da política e cacique do PMDB, que se tornou MDB, Temer parecia inoxidável enquanto estava no cargo e conseguiu duas vezes se livrar da ameaça de destituição”.
O periódico também afirma que Temer “se agarrou ao poder e dedicou toda a sua energia negociando com seus aliados políticos para salvar seu mandato”.
Já o jornal norte-americano The New York Times se interessou pelo impacto da notícia no mercado financeiro, apontando que a moeda brasileira perdeu 1% e que a Bolsa de São Paulo caiu 1,5% logo após o anúncio. “Os mercados caem no Brasil com a prisão de Temer”, completa a agência de notícias Bloomberg.
O jornal argentino Página 12 trouxe um posicionamento do deputado do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) Ivan Valente, dizendo que recebeu com “surpresa” a prisão.
Segundo o periódico, o parlamentar ainda questionou “se isso não seria uma manobra dos juízes da Lava-Jato para criar uma certa perda de credibilidade”.
Ivan Valente também disse que a prisão de Temer chega “providencialmente para Bolsonaro que perdeu 15 pontos de popularidade” segundo pesquisa realizada pelo Ibope divulgada nesta quarta-feira (20/03).
O site Cubadebate explica que “as empresas que realizaram os contratos com a Eletronuclear pagaram subornos para favorecer dirigentes do MDB, a quadrilha liderada por Temer e cujos dirigentes controlaram por muitos anos todas as estatais do setor elétrico”.
O periódico cubano ainda diz que o mais provável é que o ex-presidente fique preso da sede da Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro.
A emissora multiestatal teleSur destacou o atraso da operação pela dificuldade da Polícia Federal de localizar o ex-presidente no início da manhã.
Ainda segundo a emissora, “Temer chegou à presidência do Brasil através de um golpe contra Dilma Rousseff, de quem foi vice-presidente. A ex-mandatária foi destituída por um julgamento político”.
O mexicano La Jornada disse que Temer foi detido como o “chefe de uma organização criminosa que negociava subornos em troca de contratos de obras na usina nuclear Angra 3”.
*Com Rfi
Lula Marques/Agência PT
Michel Temer foi preso nesta quinta-feira (21/03)